Guerra das teles

CPI quer acesso a depoimentos de executivos da Telecom Italia

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29 de outubro de 2008, 23h00

A CPI das Escutas Telefônicas Clandestinas quer ter acesso aos depoimentos dos executivos italianos da Telecom Italia que foram presos, em 2006, sob acusação de espionagem. Durante o depoimento do detetive particular Eloy de Lacerda Ferreira, nesta quarta-feira (29/10), o detetive admitiu que já trabalhou para executivos da Pirelli, os mesmos do grupo Telecom Italia.

No Brasil, o grupo, que tem o controle da TIM, disputou o controle da Brasil Telecom, com o Grupo Opportunity, do banqueiro Daniel Dantas. Ferreira conta que trabalhou durante a instalação da TIM no país e confirmou ter apresentado o ex-diretor da Abin, delegado Mauro Marcelo de Lima e Silva, para os executivos da Telecom Italia. O encontro aconteceu antes de Mauro Marcelo assumir o cargo. Segundo Lacerda, o delegado fez palestras para os executivos da TIM e recebeu R$ 10 mil, pagos por meio do escritório do detetive.

O deputado Gustavo Fruet (PSDB-PR) afirma que essa linha de investigação precisa ser seguida pela CPI. Ele lembra que a comissão já pediu informações à Procuradoria de Milão, na Itália. “Dois ex-dirigentes da Telecom Itália, um deles responsável pela área de inteligência, já afirmaram na Justiça italiana que contrataram Eloy Lacerda, no Brasil, para realizar uma série de trabalhos de investigação no momento em que a Telecom Italia disputava o controle acionário da Brasil Telecom”, afirma.

Segundo o deputado, no depoimento dos dirigentes há informação de que foram repassados recursos para pessoas no Brasil e que o detetive seria o contato com o ex-diretor da Abin Mauro Marcelo. “O que estamos investigando é até onde há uma promiscuidade ou uma tentativa de aproximação, através do Eloy Lacerda, com pessoas ligadas ao governo federal e, em especial, à Abin”, afirma.

O deputado Nelson Pellegrino (PT-BA), relator da CPI, concordou sobre a necessidade de investigar as relações do detetive com a Telecom Itália e os episódios de espionagem que envolvem a empresa norte-americana Kroll Associates e o banqueiro Daniel Dantas. Dantas já responde processo acusado de ter contratado a Kroll para espionar dirigentes da Telecom Itália e autoridades brasileiras.

Para Nelson Pellegrino, o depoimento do detetive vai de encontro aos autos da Operação Ferreiro, feita pela Polícia Federal em julho deste ano. Um dos presos da operação, o detetive foi acusado de chefiar a quadrilha que acessava dados cadastrais de clientes das operadoras de telefonia e fazia grampos clandestinos.

Nelson Pellegrino explicou que vai apresentar requerimento para que todos os indiciados pela Polícia Federal sejam ouvidos. “São seis escritórios de detetives que se articulavam entre si. E segundo esse mesmo inquérito o escritório de Eloy de Lacerda Ferreira era tido como o de captação. A partir dali, ele distribuía as tarefas entre os demais escritórios”, afirma.

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