Ranking de escritórios

Grandes empresas preferem escritórios que fazem serviço completo

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28 de outubro de 2008, 10h34

Os escritórios full service são os preferidos entre as maiores empresas no Brasil. É neles que os diretores dos departamentos jurídicos pensam quando têm pela frente negócios que demandam ao mesmo tempo especialistas de diversas áreas do Direito para interagir na busca da melhor solução e os chamados generalistas para analisar o contexto geral da operação.

Esse é o resultado da pesquisa feita, pela Editora Análise, com gerentes dos departamentos jurídicos das mil maiores empresas no país. Cada um deles indicou os três escritórios e os três advogados que mais admiram em 12 áreas de atuação. O Análise Advocacia — Os mais admirados 2008 que acaba de ser lançado, já está em sua terceira edição.

No ranking, os cinco escritórios que mais receberam pontos são da categoria full service. Pinheiro Neto Advogados, Machado, Meyer, Sendacz e Opice e Demarest & Almeida ocupam as três primeiras posições.

Todos eles atribuem o bom resultado à qualidade dos profissionais e do serviço, à dedicação ao cliente (não importa a hora) e ao conforto proporcionado por ter advogados especializados em quase todas as áreas e nos principais estados do país, no contencioso e no consultivo. Não se pode deixar de lado também a influência da força da marca, que compreende o tempo de existência do escritório, a presença dos seus advogados na imprensa.

“O cliente tem que saber que pode contar com você. As soluções não respeitam horários”, diz o sócio do Pinheiro Neto, Celso Mori. O advogado afirma ainda que o dilema entre especialização e generalização se resolve em um escritório full service. Segundo o advogado, o conhecimento genérico não é suficiente porque a complexidade dos assuntos jurídicos exige especialistas. No entanto, o profissional que se ativer apenas à área de sua especialização pode encontrar uma solução fora de contexto, explica.

Antonio Corrêa Meyer, sócio do Machado, Meyer, também ressalta a importância de estar disponível nas horas necessárias. “Entender as necessidades dos clientes é essencial”, diz. É a partir daí que as estratégias de atuação e as alternativas de solução do problema serão definidas.

O modelo de escritório full service já existe há muitos anos e foi inspirado nos escritórios americanos das décadas de 60 e 70. No Brasil, cresceu com as privatizações, no final da década de 90 e início de 2000. Foi nessa época que cresceu a demanda de serviços jurídicos na área de energia, telecomunicações, infra-estrutura, óleo e gás, mercado de capitais. “Temos que responder a todas as necessidades da empresa moderna”, diz Meyer.

Rogério Lessa, do Demarest & Almeida, recorre à consistência do crescimento do escritório nos últimos anos. Segundo ele, o crescimento foi gradual “sem grandes picos ou quedas”. Além do que, diz, há uma preocupação quase obsessiva com a qualidade do trabalho, “observada não só pelo cliente, como pela parte contrária”. Lessa ressalta que o relacionamento com muitos dos clientes é de longa data, alguns de mais de 40 anos.

Crise

A crise financeira mundial vai dar trabalho — nos dois sentidos — para os escritórios de advocacia. Por enquanto, os reflexos ainda não foram sentidos por muitos deles. Nos full service, os diferentes setores de atendimento tratam de se equilibrar diante de possibilidades de perdas e ganhos.

“Crise é sinônimo de negócios de compra de bens e ativos e de associações. Por outro lado, novos investimentos não serão feitos, empresas reduzirão as atividades em função da redução de renda. Isso vai repercutir nos escritórios”, analisa Antonio Corrêa Meyer. Ele conta que o setor contencioso foi muito prejudicado com a crise do Judiciário brasileiro. “Embora as alternativas de solução, como arbitragem, tenham ganhado espaço, as empresas preferem recorrer à área consultiva, para prevenir”. No escritório em que é sócio, o setor de Direito Tributário é o mais procurado, seguido pelas áreas de regulação, bancos, concorrência, ambiental.

Celso Mori afirma que a demanda não é uniforme em todas as áreas e que oscila dependendo da época. “O contencioso é fortemente demandado quando há crise econômica.” Segundo ele, o contencioso na área tributária não deve sofrer muita alteração, mas o setor de recuperação de empresa e trabalhista serão bem procurados. As áreas de mercado de capitais, fusões e aquisições e aquelas relacionadas a novos investimentos devem ficar mais paradas.

Questionado sobre contratações e demissões no escritório, ele diz que a idéia é manter uma estrutura compatível com a demanda . Contou que um dos sócios pretende contratar, para dar conta da procura. “Outros sócios vão se sentir com equipes excessivamente dimensionadas”, revela.

A área consultiva ainda representa a maior parcela dos serviços prestados pelos escritórios full service. “Em termos de receita, o consultivo supera o contencioso”, declara Rogério Lessa. Com a crise financeira, isso pode mudar. O sócio do Demarest não sabe dizer ainda qual será o impacto na demanda, mas também tem certeza que muitas transações, que já começaram, serão interrompidas. “O ano de 2009 será mais difícil. Teremos que trabalhar mais para ganhar a mesma coisa, mas a perda de uma área pode ser compensada por outra”, afirma.

As decisões administrativas do escritório serão bastante conservadoras e prudentes. Lessa não sabe se será necessário demitir ou contratar. “Se mantivermos o mesmo tamanho durante a crise será uma vitória.”

Criminal

A área criminal não é a preferida dos escritórios full services. Muitos deles não atendem ações nesse setor. Outros o criaram recentemente por demanda de clientes, que se sentem mais seguros ao serem atendidos pelos advogados que sempre cuidaram dos seus negócios.

Enquanto isso, os escritórios especializados em causas criminais ganham força e sobem no ranking dos escritórios mais admirados do país. O Toron, Torihara e Szafir Advogados foi uma das maiores surpresas. Saiu do 15º lugar, em 2007, para o 5º lugar este ano. Ao contrário dos grandes escritórios, a principal demanda é na área contenciosa. “O setor consultivo representa menos de 10% da procura”, diz o sócio Alberto Zacharias Toron.

O salto do escritório no ranking, segundo Toron, está diretamente ligado à ampliação dos casos criminais. Operações da polícia, aberturas de inquérito, novas leis que passaram a criminalizar atos que não eram criminosos, fizeram com que a demanda crescesse.

Toron conta que os clientes chegam ao escritório, principalmente, por indicação de outros advogados. Notícias na imprensa também motivam a procura. O seu escritório pretende contratar mais advogados para dar conta da demanda.

*** Informações sobre a venda do Análise Advocacia — Os mais admirados 2008 podem ser obtidas através do site da editora.

Notícia alterada às 16h58, do dia 29 de outubro de 2008, para correção e contextualização de informação.

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