Na pele

Protógenes reclama de busca e apreensão feitas na sua casa

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8 de novembro de 2008, 12h32

O delegado da Polícia Federal Protógenes Queiroz externou, na sexta-feira (7/11), sua queixa sobre as buscas e apreensões feitas pela Polícia Federal no quarto de hotel onde se hospedava em São Paulo, na sua casa em Brasília e na de seu filho no Rio de Janeiro. Famoso por ser o mentor da operação que prendeu Daniel Dantas, o delegado enxerga ligação direta entre a ação e os interesses do banqueiro. A Corregedoria-Geral da PF investiga vazamento de informações na Operação Satiagraha.

“Essa busca e apreensão é mais uma vez um estratagema sórdido implantado pelo senhor Daniel Dantas para poder confundir os trabalhos da Operação Satiagraha. Ele é o alvo principal, enquanto nós, investigadores, passamos a ser acusados de crime que não cometemos. A sociedade sabe disso, mas o vértice do aparelho estatal não está sabendo conduzir”, criticou Protógenes à Agência Brasil.

“O poder desse bandido Daniel Dantas já chegou ao extremo nesse país e dá demonstração muita clara de seus tentáculos, da força que ele tem, mas ninguém é cego, é surdo ou será mudo”, afirma.

Celulares, pen drives e chips de máquinas fotográficas do delegado foram apreendidos por seus colegas da PF. Em tom de indignação, o delegado disse ter cogitado pedir demissão, por solicitação da família e por se sentir perseguido na corporação.

“Antes da deflagração da operação sofri uma vigilância ferrenha e identifiquei a presença de algumas viaturas e pessoas da PF. Durante e depois da operação também continuei a sofrer vigilância. Elas podem ser independentes ou não”, afirma.

“Cheguei a pensar nisso [pedir demissão], mas se eu fizesse estaria obedecendo ao que este poder corrupto avassalador que está instalado no país quer que eu faça”, explica.

O delegado manifestou ainda o temor de que os fatos ocorridos desde a Operação Satiagraha gerem um desestímulo para profissionais que trabalham no combate à corrupção no Brasil. “A parte mais frágil do sistema foi atingida. A atividade policial se sente, neste momento, no país, muito enfraquecida porque esse ato parte contra um delegado que tem quase 10 anos de sua vida dedicada a grandes operações de combate ao crime organizado e à corrupção”, afirma.

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