Luto no Senado

Morre o senador amazonense Jefferson Péres, aos 76 anos

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23 de maio de 2008, 13h12

O senador Jefferson Péres (PDT-AM) morreu na manhã desta sexta-feira (23/5), aos 76 anos, de infarto fulminante. O corpo do político será enterrado em Manaus, no cemitério São João Batista. Políticos de todas as tendências lamentaram a morte do senador amazonense. Ele era considerado uma referência ética do Senado. Foi declarado luto de três dias no estado do Amazonas.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou, em nota, que a morte do senador é uma perda para o Brasil. De acordo com ele, Jefferson Péres foi um político que sempre pautou suas ações pela defesa intransigente da democracia e da ética. “Recebi com tristeza a notícia do falecimento do senador e transmito à sua família meus sentimentos.”

Lula acrescentou que Péres procurou guiar-se pelo que julgava ser o interesse público, mesmo nos momentos de divergências com o governo. “É uma grande perda para o Brasil, para a Amazônia e para o Senado Brasileiro”, concluiu o presidente. O senador sempre adotou uma postura crítica ao governo Lula.

O ministro Gilmar Mendes, presidente do Supremo Tribunal Federal, também lamentou a morte. “Um homem extremamente correto, probo e dedicado às causas do interesse do Brasil”, destacou o presidente do STF. Ele também falou sobre a ligação de Péres com o Poder Judiciário, ressaltando a atuação do senador “de forma decisiva na concepção de modelo do Conselho Nacional de Justiça”.

O presidente do Senado, Garibaldi Alves, assim que soube da morte do senador foi ao Congresso, onde chegou expressando sua tristeza. Ele disse que Péres será sempre lembrado por sua atuação como um combatente em defesa da democracia e da Amazônia.

“Perdemos um grande senador, um grande homem público, um homem dedicado à defesa da nossa democracia. Era um dos sustentáculos da coluna vertebral do Senado”, afirmou Garibaldi.

“O Amazonas e o Senado perdem muito com a morte do senador Jefferson Péres”, afirmou senador João Pedro (PT), também do Amazonas. Péres foi colega de João Pedro na Câmara dos Vereadores de Manaus, em 1988.

O ministro das Relações Institucionais, José Múcio, também se manifestou. Para ele, a democracia amanhece empobrecida pela perda de um grande amazonense e brasileiro. “Um homem que pautou as sua vida pelos princípios da ética e da moralidade”.

O ministro do Trabalho Carlos Luppi, do PDT, estava indo para um evento no Rio de Janeiro quando ouviu no rádio sobre a morte do colega de partido. “O PDT perde um homem que tinha coerência muito forte, ético, leal, um grande dirigente. Perde alguém que nunca vamos conseguir substituir. Além de um grande quadro do partido, também era um grande amigo. Frágil na estrutura física, mas forte nas convicções”, afirmou Luppi.

O ministro comentou ainda que os dois estiveram juntos na última semana, discutindo a mudança da sede do partido em Manaus e que hoje pela manhã recebeu “uma péssima surpresa”. Luppi embarca ainda nesta sexta-feira para Manaus, onde ocorre o velório de Péres.

O senador José Jefferson Carpinteiro Péres nasceu em 19 de março de 1932, em Manaus (AM). Em 1988, foi eleito vereador de Manaus, seu primeiro cargo público. Assumiu uma cadeira do Senado em 1995. Durante toda a vida pública, encontrou na defesa da ética uma de suas principais bandeiras.

Ele também foi candidato à vice-presidência do Brasil nas eleições de 2006, na chapa do também senador Cristovam Buarque (PDT-DF). Péres era o líder da bancada do PDT no Senado.

Formado em Direito pela Universidade Federal do Amazonas, e em Administração de Empresas pela Fundação Getúlio Vargas. Foi professor de economia na Universidade Federal do Amazonas.

“A crise ética não é só da classe política não, parece que ela atinge grande parte da sociedade brasileira”, disse em discurso no plenário do Senado no dia 30 de agosto de 2006. E complementou: “O que está faltando mesmo ao Brasil e sempre faltou é uma elite dirigente com compromisso com a coisa pública, capaz de fazer neste País o que precisaria ser feito: investimento em capital humano.”

No mesmo discurso, anunciou que abandonaria a vida política com o fim do mandato, que acabaria em 2011. “Vou continuar protestando sempre, cumprindo o meu dever. Isso não seria justificativa para dizer que não vou fazer mais nada. Vou cumprir rigorosamente o meu dever neste Senado até o último dia de mandato, mas para cá não quero mais voltar, não”, afirmou, declarando estar decepcionado com a política brasileira.

Com informações da Agência Brasil e da Agência Senado

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