Sócio ou inimigo

Leia dossiê sobre Naji Nahas feito para Daniel Dantas

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10 de julho de 2008, 12h02

Um elo ambivalente intriga a Polícia Federal: por que pagar centenas de milhares de dólares à Kroll, a maior empresa de investigações privadas do mundo, para investigar alguém de quem se quer ser sócio num negócio ilegal? Ou, por outra: pagar essa soma vultosa não é um sinal inequívoco de que se quer essas informações para poder destruir o investigado?

As respostas são buscadas pelos investigadores federais da Operação Satiagraha —que levou à cadeia Daniel Dantas, dono do Opportunity, e o mega-investidor Naji Nahas — nos arquivos de uma outra operação: a Chacal, deflagrada pela PF há três anos, contra a Kroll e contra o mesmo Daniel Dantas.

A PF ainda não entende como Daniel Dantas pediu que se produzisse o mais completo dossiê já feito contra Nahas para depois simplesmente se associar a ele. A Operação Satiagraha sinaliza que Nahas teria usado informação privilegiada do Federal Reserve (o banco central dos EUA), e das descobertas da Petrobrás, para fazer dinheiro. Para a PF, Dantas se associou a Nahas numa “organização criminosa” para praticar evasão de divisas, crimes contra o sistema financeiro, gestão fraudulenta, operação ilegal de instituição financeira, concessão de empréstimos vedados, uso indevido de informação privilegiada, lavagem de dinheiro, corrupção ativa e formação de quadrilha.

A revista Consultor Jurídico publica, com exclusividade, todos os arquivos que Daniel Dantas obteve da Kroll, há três anos, sobre Naji Nahas. Eles foram produzidos pelo alto escalão da Kroll, como por exemplo Bill Godall, ex-agente do serviço secreto inglês, o MI6, e Omer Eringsoy, o chefão da Kroll na Europa. Uma ponta do espetáculo, no Brasil, coube ao espião português Thiago Verdial, que circulava no eixo São Paulo-Rio de Janeiro e a quem a Kroll incumbiu de seguir fisicamente Naji Nahas.

Nahas conheceu o chefão da operadora TIM, a Telecom Itália Móbile, Tronchetti Provera, num fim de semana ensolarado em Mônaco, quando seus iates se encontraram casualmente numa parada no mar. Tanto bastou para que Nahas virasse o longa manus da TIM no Brasil, inclusive aproximando a empresa de caciques petistas como Marta Suplicy, de seu marido Luis Favre, do ex-ministro Antônio Palocci e do então ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu. Pelos arquivos, nota-se que, para Dantas, Nahas parece mais um inimigo a ser combatido e negaceado do que um sócio a ser negociado.

O dossiê, produzido em 2004, trata também das boas relações mantidas por Naji Nahas com o ex-prefeito de São Paulo Celso Pitta, bem como com o também ex-prefeito e ex-governador paulista, Paulo Maluf.

Clique aqui para ler o dossiê produzido contra Naji Nahas, e que, agora, nivela os destinos de duas operações da PF: a operação Satiagraha que, daqui para frente, busca subsídios na operação Chacal, que obteve os arquivos que se seguem. Estes arquivos foram entregues por Bill Godall, ex-agente da Kroll, a policiais federais a e agentes da ABIN, a Agência Brasileira de Inteligência. Os arquivos estão em inglês.

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