Vazamento de informações

Conselho Federal da OAB vai interpelar ministro da Justiça

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3 de julho de 2008, 20h52

O presidente nacional da OAB, Cezar Britto, vai interpelar nesta sexta-feira (4/7) o ministro da Justiça, Tarso Genro, para que ele aponte o nome dos advogados que vazam para a imprensa informações sigilosas de inquéritos abertos pela Polícia Federal. “É lamentável ler uma declaração deste tipo do ministro da Justiça principalmente porque os advogados estão acostumados neste governo a sofrer todo tipo de dificuldade para ter acesso aos processos de seus clientes na Polícia Federal”, afirmou Britto.

Em entrevista ao jornal O Estado de S.Paulo, Genro disse que os vazamentos por parte de agentes da Polícia Federal são coisa do passado e colocou nos advogados a culpa pela divulgação indevida de informações. Segundo ele, os advogados se tornam fontes da imprensa e “divulgam parte dos depoimentos que interessam aos seus clientes”.

De acordo com o presidente da OAB, é grande o número de reclamações dos advogados em relação aos processos que correm na Polícia Federal. “Primeiro, os advogados tomam conhecimento do processo pela imprensa e depois sofrem vários dias para obter informações dos envolvidos.”

Britto afirmou que a PF só deixou de lado as pirotecnias das operações depois de insistentes reclamações dos dirigentes da Ordem dos Advogados do Brasil. No entanto, “está patente que há uma represália da instituição, que é ligada diretamente ao Ministro da Justiça, em relação ao trabalho profissional dos advogados”, afirmou.

O presidente da Comissão Nacional de Prerrogativas da OAB, Alberto Zacharias Toron, também reagiu indignado às afirmações de Tarso Genro. Para Toron, a afirmação deve ser tachada, “no mínimo, de absurda”.

Para Toron, seria o caso de perguntar ao ministro da Justiça se o vazamento de informações no caso lembrado pelo presidente do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes, teria sido feito pelo advogado que, “descontente com a liberdade de seu cliente, resolveu intimidar o ministro do STF”.

Em entrevista coletiva na terça-feira (1/7), o ministro Gilmar Mendes cobrou da Polícia Federal e do Ministério Público a apuração do caso no qual, logo após ter concedido a liberdade a um preso na Operação Navalha, houve a divulgação de que ele estava na lista das autoridades que receberam mimos da empreiteira Gautama, investigada na operação. O verdadeiro nome na lista era outra pessoa: o engenheiro Gilmar de Melo Mendes.

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