Fim da escola

Nada foi feito para dar suporte ao crescimento do Cecei

Autor

  • José Luís Oliveira Lima

    é advogado criminalista ex-presidente da CAASP e da Comissão de Prerrogativas da OAB/SP e membro do Instituto dos Advogados e do Conselho Fiscal do Innocence Project Brasil.

7 de janeiro de 2008, 15h48

Estávamos no auditório da PUC para o debate a ser realizado entre os candidatos à Presidência da seccional paulista da OAB no ano de 1998. Eu disputava a Presidência da Caixa de Assistência dos Advogados de São Paulo, a nossa querida Caasp. Ao meu lado, a brilhante advogada Norma Kyriakos me disse: “Não podemos fazer uma gestão comum, temos que sair do atual marasmo da OAB e da Caasp, vamos criar uma creche para os filhos dos advogados e advogadas de São Paulo”. Ganhamos a eleição e o atual presidente da Caasp foi eleito meu diretor.

Do projeto inicial para criarmos a creche, surgiu a idéia do Cecei (Centro de Cultura e Educação Infantil), que foi aprovada por unanimidade pela então diretoria. O projeto tomou uma proporção tão importante que a primeira comunicação da nossa gestão foi uma criança estampada na revista da Caasp com a seguinte frase: “Creche: um direito assegurado pela Caasp”. Para comandar esse projeto revolucionário contratamos dois dos maiores profissionais do mercado, o historiador Mouysés Kuhlmann Jr e a educadora Telma Vitória.

O Cecei tornou-se uma referência nacional e internacional.

Para ter continuidade, o projeto deveria ter recebido investimentos não só de dinheiro, pois essa não é a única maneira de se levar adiante um projeto educacional. A parceira com a iniciativa privada, com educadores, é sem dúvida alguma outra forma de dar oxigênio a um projeto inovador e único em nosso país. A participação efetiva dos pais dos alunos não pode ser desprezada.

Infelizmente, desde que deixamos a Presidência da entidade, constatamos que o nosso querido Cecei foi deixado de lado. Talvez porque aparentemente ele não trouxesse tantos votos, o que é um equívoco, pois projetos não obtêm sucesso apenas porque dão votos, mas porque deixam sementes para mensagens futuras. O que constatamos nesses últimos anos foi o total abandono do nosso Cecei. Poucos investimentos, nenhuma parceria efetiva deram suporte ao projeto inicial. Desde que deixamos a Presidência, nada de novo foi feito para dar suporte ao crescimento do nosso Cecei.

É triste constatar que um projeto que, repita-se, tornou-se referência nacional e internacional, tenha sido desativado pela atual diretoria sob o argumento de “falta de dinheiro”. Os pais não foram ouvidos de maneira adequada sobre essa decisão tão drástica, tanto que estão acionando judicialmente a entidade.

Cabe ao administrador buscar alternativas, usar o prestígio da entidade e em alguns casos o do próprio presidente para dar mais combustível às suas metas. Infelizmente, a atual diretoria preferiu abandonar o premiado projeto, prejudicando famílias de advogadas e advogados e suas crianças, que foram privadas de ter o que há de melhor em educação na nossa cidade. Lamentável.

Autores

  • é advogado criminalista, membro do Instituto dos Advogados, ex-presidente da Comissão de Direitos e Prerrogativas da OAB-SP, ex-presidente da Caixa de Assistência dos Advogados de São Paulo – Caasp.

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