Tragédia prisional

MP apura causa do incêndio que matou oito presos em Minas

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2 de janeiro de 2008, 19h45

O Ministério Público de Minas Gerais participa do procedimento que apura as mortes de oito detentos por causa de um incêndio ocorrido na cadeia de Rio Piracicaba, na noite desta terça-feira (1º/8). De acordo com a nota divulgada pela assessoria de comunicação do MP, a cadeia precisava de reformas apontadas em duas Ações Civis Públicas propostas em 2006 e 2007. Em uma das ações, o Judiciário teria concedido liminar determinando a interdição do local.

Dois delegados da Corregedoria da Polícia Civil de Minas Gerais também apuram se houve negligência no incêndio. Peritos do Instituto de Criminalística de Belo Horizonte também já começaram a investigar as causas do incêndio. O laudo deverá ser concluído até a próxima semana. As informações são do portal de notícias.

O relator da Comissão Parlamentar de Inquérito do Sistema Carcerário, da Câmara dos Deputados, Domingos Dutra (PT-MA), viaja nesta quinta-feira (3/1) para Minas para acompanhar o caso.

“A CPI e o Congresso estão em recesso. Mas eu vou amanhã para Rio Piracicaba. Vamos ouvir, levantar nomes, tirar fotografias e ter uma percepção melhor dessa nova tragédia com oito brasileiros”, afirmou Dutra em entrevista à Agência Brasil.

A Polícia Civil divulgou que já colheu depoimentos de sete detentos e do policial militar que fazia a guarda externa da cadeia. De acordo com a polícia, as primeiras apurações revelam que o fogo começou por volta de 20h de terça-feira. Antes, o policial teria pedido aos presos da cela para que apagassem uma pequena chama próxima a uma das camas. Quando o fogo se tornou mais intenso, ele teria pedido reforço policial e acionou o carcereiro.

Ainda segundo a polícia, um caminhão-pipa da Prefeitura chegou à cadeia poucos minutos depois, mas como o incêndio se alastrou rapidamente, não foi possível abrir a porta da cela, onde as chamas se concentravam. As demais celas foram abertas. Nos fundos da cadeia, voluntários ainda teriam aberto um buraco na parede para tentar socorrer os presos, mas eles já estavam mortos no banheiro.

Segundo a polícia, as primeiras avaliações dos legistas apontam que as mortes foram causadas por asfixia. Os presos que sobreviveram foram transferidos.

Lotação

De acordo com a Polícia Civil, a cadeia tinha capacidade para abrigar 18 presos, mas na hora do incêndio havia 22 homens detidos. Sete deles foram transferidos para João Monlevade e outros sete para o albergue de Rio Piracicaba.

Em nota, o governo do estado e a Prefeitura de Rio Piracicaba informaram que estão dando apoio aos parentes dos presos mortos e que as despesas com deslocamento e sepultamento serão custeadas pelo estado.

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