Cargo estratégico

Depois de Lacerda, número 2 da Polícia Federal também cai

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30 de dezembro de 2008, 15h41

Depois da exoneração do delegado Paulo Lacerda da direção da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e do diretor-geral adjunto José Milton Campana, na segunda-feira (29/12), o Diário Oficial traz a informação de que o diretor-executivo da Polícia Federal Romero Meneses também foi demitido do cargo. Ele foi preso em setembro como suspeito de vazamento de informações da Operação Toque de Midas. Em seu lugar assume Luiz Pontel de Souza.

Segundo a PF, a decisão de exonerar o número dois da PF ocorre pelo fato de Menezes ocupar um “cargo estratégico” na instituição e não ser de interesse da administração pública manter um dos maiores níveis hierárquicos sob o comando de um interino.

Nesta terça-feira (30/12), também foram desligados do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) o assessor especial da Abin Renato Halfen da Porcíúcula e o diretor do Departamento de Contra-Inteligência Paulo Maurício Fortunato Pinto. A informação é do portal O Globo.

Romero Meneses estava afastado de suas funções desde que teve seu nome envolvido em suspeitas de vazamento de informações da Operação Toque de Midas para beneficiar seu irmão, um dos investigados na denúncia de que o governo do Amapá beneficiou a MMX, de Eike Batista, durante a licitação da Estrada de Ferro do Amapá.

Demissão e promoção

A exoneração de Paulo Lacerda, na segunda-feira (29/12), se deu para que ele pudesse ser nomeado adido policial na embaixada brasileira em Portugal, cargo criado na semana passada. A direção da agência será ocupada interinamente por Wilson Roberto Trezza, conforme nota divulgada pelo Gabinete de Segurança da Presidência de República.

O adido policial é responsável por todas as negociações que envolvam forças ou ações policiais do Brasil. O país já tem adidos policiais na Argentina, no Paraguai, no Uruguai, na Colômbia, na França, na Bolívia e no Suriname. Também foram criados os cargos de adidos policiais na França e nos Estados Unidos, mas ainda não foram indicados os titulares.

Lacerda vai receber em dólares, e seu salário será maior do que o que recebia para chefiar a Abin.

O delegado foi afastado do cargo no início de setembro após suspeita de que a Abin fez escutas telefônicas clandestinas para monitorar conversas de autoridades, como o presidente do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes, no curso da operação batizada como Satiagraha pela Polícia Federal. A operação resultou na prisão do banqueiro Daniel Dantas, do ex-prefeito Celso Pitta e do investidor Naji Nahas – todos conseguiram liberdade.

Um inquérito foi aberto pela PF para investigar a autoria do grampo na conversa entre Gilmar Mendes e o senador Demóstenes Torres (DEM-GO), mas a conclusão do procedimento foi adiada para 2009. Em agosto, reportagem da revista Veja informava que agentes da Abin foram os responsáveis pelo grampo.

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