Mudança de país

Paulo Lacerda é exonerado da Abin e vai para Portugal

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29 de dezembro de 2008, 16h30

O diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Paulo Lacerda, foi exonerado nesta segunda-feira (29/12) pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A exoneração se deu para que ele pudesse ser nomeado adido policial na embaixada brasileira em Portugal, cargo criado na semana passada, de acordo com o G1. A direção da agência será ocupada interinamente por Wilson Roberto Trezza, conforme nota divulgada pelo Gabinete de Segurança da Presidência de República.

O adido policial é responsável por todas as negociações que envolvam forças ou ações policiais do Brasil. O país já tem adidos policiais na Argentina, no Paraguai, no Uruguai, na Colômbia, na França, na Bolívia e no Suriname. Também foram criados os cargos de adidos policiais na França e nos Estados Unidos, mas ainda não foram indicados os titulares.

Lacerda vai receber em dólares, e seu salário será maior do que o que recebia para chefiar a Abin.

Paulo Lacerda foi afastado do cargo no início de setembro após suspeita de que a Abin fez escutas telefônicas clandestinas para monitorar conversas de autoridades, como o presidente do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes, no curso da operação batizada como Satiagraha pela Polícia Federal. A operação resultou na prisão do banqueiro Daniel Dantas, do ex-prefeito Celso Pitta e do investidor Naji Nahas – todos conseguiram liberdade.

Um inquérito foi aberto pela PF para investigar a autoria do grampo na conversa entre Gilmar Mendes e o senador Demóstenes Torres (DEM-GO), mas a conclusão do procedimento foi adiada para 2009. Em agosto, reportagem da revista Veja informava que agentes da Abin foram os responsáveis pelo grampo.

Operação da Abin

A decisão de afastar definitivamente a cúpula da Abin se deu depois da revelação de que 52 agentes da Abin participaram da operação da Polícia Federal. Com o delegado, outros três integrantes foram afastados: o vice José Milton Campana, o chefe do Departamento de Contra-Inteligência, Paulo Maurício Fortunato Pinto, e o assessor especial da Presidência, Renato Porciúncula. O Gabinete de Segurança da Presidência da República não se manifestou sobre a situação deles.

O Palácio do Planalto está certo de que a Operação Satiagraha era uma investigação mais de Lacerda do que do delegado que a comandava, Protógenes Queiroz. Enquanto a PF mobilizou 23 profissionais, entre delegados, agentes, escrivães e peritos, a Abin liberou 52 agentes para trabalhar com Protógenes.

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