Vida nova

CNJ e STF fazem campanha para ex-presidiários trabalharem

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29 de dezembro de 2008, 12h08

O Conselho Nacional de Justiça e o Supremo Tribunal Federal lançam, nesta segunda-feira (29/12), o programa “Começar de Novo”, que busca sensibilizar a população para a necessidade de reinserir no mercado de trabalho e na sociedade presos que já cumpriram suas penas. Emissoras de rádio e TV de todo o país divulgam, gratuitamente, a partir desta segunda, a campanha institucional do projeto, que permanecerá no ar por dois meses.

A iniciativa, conduzida pelo CNJ, reúne medidas para dar efetividade às leis de execução penal e mudar a realidade da situação prisional no país. As ações incluem mutirões carcerários para avaliar a situação de presos em relação ao cumprimento da pena e convênios com entidades como Sesi, Senai e Fiesp, para o treinamento e a capacitação dos presos, visando à recolocação profissional.

Os mutirões reúnem juízes, representantes do Ministério Público, da Defensoria Pública e servidores de tribunais. Com os processos dos presos em mãos, eles analisam a possibilidade de pedir progressão de regime de cumprimento da pena ou mesmo a soltura, quando a condenação já foi cumprida.

Esse trabalho já foi feito no Rio de Janeiro, Piauí, Pará e Maranhão. Mais de mil presos conseguiram liberdade. “Isso significa mais ou menos a população de três presídios de médio porte, verificando, portanto, pessoas que estavam presas em situação irregular”, ressaltou o presidente do Conselho e do STF, ministro Gilmar Mendes.

No âmbito do programa, também está prevista a criação do sistema “Bolsa de Vagas”, para centralizar no CNJ a oferta de postos de trabalho por parte de empresas que se disponham a engajar-se no projeto. O Conselho Nacional de Justiça encaminhará as informações sobre as vagas disponíveis às Varas de Execução Criminal existentes nos estados.

O Supremo assinou, neste mês, um convênio com o governo do Distrito Federal que se propôs a receber, a partir de 2009, 40 pessoas sentenciadas, egressas de prisões. Os sentenciados trabalharão de seis a oito horas dando apoio administrativo ao tribunal, por até um ano cada. Pelo serviço ganharão de R$ 550 a R$ 650, vale transporte e auxílio alimentação. Os candidatos à ressocialização, necessariamente, deverão ser os que estiverem cumprindo pena em regime semi-aberto, condicional ou domiciliar.

O CNJ também aprovou a Recomendação 21, sugerindo que os tribunais se mobilizem em ações de recuperação social de presos, alertando para a necessidade de medidas concretas de capacitação profissional aos egressos do sistema prisional. O documento prevê o aproveitamento de mão-de-obra para serviços de apoio administrativo, no Poder Judiciário, por meio de convênios com as secretarias de Estado, responsáveis pela administração carcerária, como foi feito no STF.

Campanha

Produzido pela Fundação Padre Anchieta e veiculado gratuitamente pelas emissoras, o material da campanha de divulgação do “Começar de Novo” — dois filmetes e um spot para rádio de 30 segundos cada — mostra a necessidade de deixar de lado o preconceito. “Dê uma segunda chance para quem já pagou pelo que fez. Ignorar é fácil, ajudar é humano”, diz uma das peças.

A outra retrata a saída da prisão de um personagem, Marcos, após cumprir a pena, e lança um desafio: “O projeto ‘Começar de Novo’, do CNJ, está dando liberdade para muitos brasileiros, como o Marcos. E você, vai atirar a primeira pedra ou vai ajudar?”.

A campanha institucional pode ser veiculada pelas emissoras de rádio e televisão interessadas em apoiar o programa. As peças estão disponíveis para download no site do CNJ. Clique aqui para assistir o primeiro vídeo da campanha.

Hoje o Brasil possui, aproximadamente, 440 mil presos.

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