Maioridade do ECA

Estado entra em nova fase de defesa dos direitos das crianças

Autor

  • Rubens Naves

    é sócio do escritório Rubens Naves Santos Jr. e Hesketh Associados professor licenciado da PUC-SP conselheiro consultivo e presidente da Fundação Abrinq pelos Direitos da Criança e do Adolescente (2002-2006)

27 de dezembro de 2008, 23h00

O Estatuto da Criança e do Adolescente, criado há 18 anos, veio assegurar os direitos dessa população.Junto com esse fundamental documento nasceu a Fundação Abrinq, com o objetivo de mobilizar a sociedade para questões relacionadas aos direitos da infância e da adolescência.

A força integrada foi essencial para estabelecer um novo paradigma, pois as crianças e adolescentes passaram a ser compreendidos como seres em formação, que necessitam de proteção integral do Estado, da família e da sociedade.

O ECA e a Fundação Abrinq surgiram em um momento em que a maioria das crianças e adolescentes era vítima de uma série de violências físicas e sociais, sem acesso a direitos fundamentais como educação, saúde, cultura, lazer e formação profissional. Porém, mais importante do que regulamentar essas normas estabelecidas pelo estatuto, foi colocá-las em prática e conseguir dar um novo cenário e uma nova esperança para esse público tão especial.

Ainda há muito que fazer, ao colocar as normas fundamentais de proteção em prática, o papel da sociedade civil reveste-se de significado importante, por revelar o grau de maturidade que atingimos em duas décadas de redemocratização.

Se tomarmos a promulgação do ECA e o nascimento da Fundação Abrinq como referências criamos uma massa crítica para questionar e influenciar a atuação do Estado brasileiro nesta área tão sensível. Nós, enquanto sociedade civil, conseguimos equacionar nossa grande diversidade de opiniões, temas e formas de trabalho em prol de uma grande causa. E estamos colhendo resultados bem concretos desse processo de amadurecimento.

A Fundação Abrinq vem funcionando como uma espécie de ponte entre as reais necessidades das crianças e adolescentes e a importância de colocar em prática o respeito e os direitos estabelecidos em lei. Além disso, auxiliou a sociedade no despertar de uma causa importante para o presente e o futuro do país, que é o de cuidar de suas crianças. Uma série de ações e trabalhos foram realizados, contando com a ajuda da sociedade, do setor público, das organizações da sociedade civil e das empresas para fomentar e resolver questões da infância e da adolescência.

De acordo com dados da fundação, mais de cinco milhões de crianças e adolescentes foram beneficiados com ações desenvolvidas em todo o país. Esses programas foram responsáveis por proteger aqueles que sofriam a violação de seus direitos, por meio do combate ao trabalho infantil e da proteção nas diferentes formas de violência.

Esses dois instrumentos, que estão atingindo sua maioridade e amadurecimento, mostram que saímos da época de tão somente clamar por direitos para uma nova fase de convergência de esforços entre sociedade e Estado na defesa dos direitos de crianças e adolescentes, como estabelece nossa Constituição Federal. E mais: eles sinalizam que somos interlocutores cada vez mais capacitados e interessados em influenciar políticas públicas e que também somos responsáveis em continuar transformando a infância e a juventude no Brasil. Acima de tudo, a Fundação Abrinq fomentou e inspirou o surgimento de centenas de outras entidades, o trabalho articulado em rede e sua profissionalização.

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    é sócio do escritório Rubens Naves, Santos Jr. e Hesketh Associados, professor licenciado da PUC-SP, conselheiro consultivo e presidente da Fundação Abrinq pelos Direitos da Criança e do Adolescente (2002-2006)

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