Esquema Dantas

É Natal! Queremos a lista de jornalistas de Daniel Dantas

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24 de dezembro de 2008, 12h49

A Fenaj — Federação Nacional dos Jornalistas, atirou na mosca: nada é mais importante para nossa categoria profissional, neste momento, do que saber quem são os jornalistas que, conforme palavras do delegado Protógenes Queiroz, da Polícia Federal, “abastecem Daniel Dantas ou faziam manifestação de mídia a favor dele”. A denúncia, da maneira como foi formulada na entrevista do delegado, coloca todos sob suspeita — amigos de Dantas, inimigos de Dantas, jornalistas que jamais lidaram com esse tema. A Fenaj pediu esclarecimentos à Polícia Federal e ao ministro a que a PF está subordinada, Tarso Genro, da Justiça.

O repórter Daniel Roncaglia, do Consultor Jurídico, procurou o delegado Protógenes Queiroz, que comandou a Operação Satiagraha e considera Daniel Dantas um bandido. Queiroz se recusou a falar; de acordo com o ConJur, disse que o repórter que o procurou “é um idiota” e bateu o telefone.

Resta, portanto, o caminho procurado pela Fenaj para saber quais são os acusados (e ouvir sua defesa). Dizem os ofícios da Fenaj:

“(…) a não divulgação dos nomes de eventuais culpados, se existirem de fato, coloca sob suspeição toda a categoria (…). Esta federação tem o dever de se opor a qualquer tentativa, por mais dissimulada que seja, de enlamear a imagem dos jornalistas brasileiros, fazendo supor que todos fossem corrompíveis, razão porque vem a V. Excia. pleitear a divulgação urgente da referida lista de nomes, se existir, com as devidas provas do suposto envolvimento, sob pena de todos pagarem por alguns”.

A lista de jornalistas que o delegado considera envolvidos no “esquema Dantas” seria o melhor presente de Natal para a profissão. Primeiro, por tirar as acusações do lamacento terreno da fofoca e do diz-que-diz-que e levá-las à luz do Sol, onde o mau procedimento profissional pode ser julgado pelos colegas jornalistas e pela Justiça; segundo, por expor os acusadores à defesa de quem foi acusado. É fácil dizer que há muita gente ligada ao crime — fácil e óbvio. Difícil é dizer quem são e provar seu envolvimento. Os jornalistas podem contribuir para esclarecer essa história — e melhor o farão se puderem trabalhar livres de suspeitas e de suspeitos.

[Artigo originalmente publicado no site Observatório da Imprensa]

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