Infiltrado supremo

Dantas nega ligação com segurança que trabalhou no Supremo

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4 de dezembro de 2008, 15h26

O advogado Nelio Roberto Seidl Machado, que defende Daniel Dantas, afirma que a tentativa de criar uma ligação entre o banqueiro e o militar Sérgio de Souza Cirillo é “iniciativa fantasiosa com o objetivo de manipular a opinião pública e influenciar o Judiciário”. Cirillo, que trabalhou na segurança do Supremo Tribunal Federal, é apontado pelo juiz Fausto Martin de Sanctis como o infiltrado de Dantas no tribunal.

Segundo o advogado, a ligação entre o banqueiro e o militar baseia-se na premissa de que Hugo Chicaroni é assessor de Dantas. “Chicaroni jamais teve qualquer relação com Dantas. Ele é amigo e parceiro do delegado Protógenes Queiroz há anos, tendo o auxiliado em momento em que sua esposa enfrentava dificuldades, conforme declarado por Hugo Chicaroni em seu interrogatório judicial”, afirma em nota enviada pela assessoria do Banco Opportunity.

A prova da ligação entre Protógenes e Chicaroni, segundo Machado, são as “dezenas de ligações” feitas durante as investigações da Operação Satiagraha. “Protógenes Queiroz foi visitar Hugo Chicaroni na cadeia e se colocou à disposição de sua família para ajudá-la no que fosse necessário, inclusive quanto às suas necessidades”, completa o advogado.

Na quarta-feira (3/12), o ministro Gilmar Mendes, presidente do Supremo, encaminhou representação à Procuradoria-Geral da República para apurar se o coronel Cirillo era ligado ao banqueiro. A assessoria de imprensa do STF informou que não tem como comprovar se Cirillo agiu de má fé. Mas, confirmou que ele trabalhou no tribunal de julho a outubro deste ano como subordinado do ex-secretário de segurança do Supremo, Joaquim Alonso Gonçalves. Cirillo negou ter vínculo com Dantas.

Na decisão que condenou Dantas a 10 anos de prisão, De Sanctis, da 6ª Vara Federal Criminal de São Paulo, diz que Cirillo recebeu nove ligações de Chicaroni entre os dias 4 de junho e 7 de julho, véspera da Operação Satiagraha. Ele também teria relações pessoais com Chicaroni. O período coincide com as negociações para o pagamento de propina que o professor ofereceu a um delegado da PF. Chicaroni também foi condenado pelo juiz.

Em 6 de outubro, Cirillo e o coronel Gonçalves foram exonerados do cargo. Quando estava no STF, o coronel preparou o relatório sobre os indícios de grampos no tribunal. O documento parou na capa da revista Veja, que publicou a conversa telefônica entre Gilmar Mendes e o senador Demóstenes Torres (DEM-GO). À CPI das Escutas Telefônicas Clandestinas, Gonçalves afirmou que o relatório tinha apenas duas cópias. Uma delas foi entregue à presidência do STF e a outra ficou com ele.

Leia a nota

A tentativa de criar uma ligação entre Daniel Dantas e Sérgio de Souza Cirillo é uma iniciativa fantasiosa com o objetivo de manipular a opinião pública e influenciar o judiciário. Nem Daniel Dantas, nem qualquer pessoa de fato a ele ligada, jamais ouviu falar do Sr. Cirillo.

A alegada ligação baseia-se em premissa igualmente falsa e leviana, a de que Hugo Chicaroni seria assessor de Daniel Dantas.

Chicaroni jamais teve qualquer relação com Dantas. Ele é amigo e parceiro do delegado Protógenes Queiroz há anos, tendo o auxiliado em momento em que sua esposa enfrentava dificuldades, conforme declarado por Hugo Chicaroni em seu interrogatório judicial.

Prova disso é que, além de terem trocado dezenas de ligações no período em que se articulava a Operação Satiagraha, o delegado Protógenes Queiroz foi visitar Hugo Chicaroni na cadeia e se colocou à disposição de sua família para ajudá-la no que fosse necessário, inclusive quanto às suas necessidades.

Nelio Roberto Seidl Machado

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