Cargo em risco

MP pede quebra de sigilo de juíza suspeita de ligação com tráfico

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20 de setembro de 2007, 11h52

O procurador José Edivaldo Rotondano, do Ministério Público da Bahia, pediu a quebra do sigilo fiscal, telemático (emails), bancário e telefônico da juíza Olga Regina Santiago Guimarães. Ela é suspeita de ter ligação com o traficante colombiano Gustavo Duran Bautista. O pedido foi protocolado no Tribunal de Justiça da Bahia, na terça-feira (18/9).

A Polícia Federal gravou conversas entre a juíza Olga Regina Guimarães, o marido dela (Balduíno Santana) e o traficante Gustavo Duran Bautista, acusado de enviar meia tonelada de cocaína para a Europa. A reportagem é do portal de notícias G1.

De acordo com a reportagem, o procurador afirmou que também pediu a quebra de sigilo do marido dela. “Ele é personagem importante na investigação. Precisamos saber se ele, como marido da juíza, se beneficiou ou ajudou o traficante”, disse Rotondano.

O desembargador Antonio Roberto Gonçalves recebeu o pedido do MP e está analisando o documento. “Conversei com ele de manhã sobre o caso e o desembargador disse que deve apresentar o deferimento ou indeferimento do meu pedido em poucos dias. Acredito que não passe de segunda-feira (24/9)”, afirmou o procurador.

Se for comprovado o elo entre ela e o colombiano, Olga pode receber punições como advertência ou aposentadoria compulsória. A reportagem do G1 procurou o advogado da juíza, Maurício Vasconcelos, mas ele não retornou as ligações.

Promoção

Apesar das investigações, a juíza assumiu um novo cargo na segunda-feira (10/9). Ela fez parte de um grupo de 50 magistrados transferidos para Salvador e promovidos por antigüidade ou merecimento. No caso de Olga, foi por antigüidade.

Na cerimônia, a juíza disse que não tem ligação com o traficante. Depois do evento, o advogado dela disse que “a juíza foi atingida em sua honra. Ninguém tem nada a dizer contra a conduta dela”.

Investigação

O TJ da Bahia abriu um inquérito criminal, no começo de setembro, para investigar ligações entre a juíza e o traficante colombiano. Em 2001, a Polícia encontrou cocaína em caixas de frutas com fundo falso em uma fazenda de Gustavo Duran. A juíza Olga Guimarães, que na época era titular em Juazeiro, absolveu o traficante.

Ligações gravadas

A Polícia Federal gravou telefonemas da juíza e do colombiano. Em um deles, Olga Guimarães diz que foi à PF e estava tudo certo com as fichas de antecedentes do traficante. Ele responde: “Tá bom, doutora. Amanhã vou colocar aquele negócio que o senhor Balduíno me falou”.

Em outro telefonema, ele reclama que não caiu nenhum dinheiro na sua conta. E o traficante se compromete a depositar na manhã seguinte. Em outra ligação, o traficante informa a Balduíno que só depositou R$ 14 mil porque estava apertado. O marido da juíza agradece.

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