Enquanto os vencedores da Edição 2003 do Prêmio Aberje (Associação Brasileira de Comunicação Empresarial) exibem os seus troféus com orgulho, os organizadores da premiação estão brigando na Justiça. O ex-assessor de imprensa da entidade, Marcelo Lopes, diz que a escolha dos melhores foi feita por uma só pessoa. O então presidente da entidade e acusado de cometer a injustiça, Paulo Nassar, entrou com queixa-crime contra o jornalista por calúnia, difamação e injúria.
A queixa-crime foi considerada improcedente pela juíza Juliana Nobre Correia, do Juizado Especial Criminal e da Família de São Paulo. Segundo ela, a jurisprudência é no sentido de que a configuração dos crimes de calúnia, difamação e injúria dependem da intenção do acusado. Para a juíza, Marcelo Lopes atuou como cidadão e jornalista ao pretender a apuração dos fatos.
Paulo Nassar recorreu da decisão. O Colégio Recursal foi instado a se manifestar, mas a juíza relatora se declarou incompetente. Segundo ela, somadas as possíveis punições para os crimes em que o jornalista é acusado, a competência passaria para a Justiça Comum. O fato de a acusação ter ultrapassado o prazo para depositar as custas processuais não foi considerado pela juíza, de acordo com a defesa. Agora, o recurso está no Tribunal de Justiça de São Paulo, mas ainda não foi distribuído.
O processo não questiona a validade do concurso. Gira em torno apenas das acusações contra o ex-assessor de imprensa da Aberje.
Prêmio 2003
Marcelo Lopes conta que sempre cuidou da premiação. Desde a formulação do regulamento até o convite para os jurados. Em 2003, os convites chegaram tarde. Quando a comissão julgadora foi convocada, todos os vencedores já tinham sido escolhidos pelo presidente da entidade, segundo declarações do jornalista.
Lopes divulgou e-mails aos demais integrantes do Conselho Deliberativo da Aberje para informá-los sobre as suas suspeitas. O presidente da entidade se sentiu ofendido.
Paulo Nassar, em artigo publicado no Observatório da Imprensa, afirma que tudo não passou de uma dificuldade, “felizmente superada a partir de uma postura ética”. Segundo ele, o problema foi que a divulgação dos vencedores aconteceu antes da conclusão do processo de escolha. “Ainda na fase de seleção (responsabilidade do coordenador do prêmio e sua equipe), foi divulgada precipitadamente no site da entidade a potencial relação de premiados”, explicou.