O Supremo Tribunal Federal, nos seus quase 200 anos de existência, assistiu nesta quinta-feira (15/2) uma cena inédita. A ministra Cármen Lúcia, uma das mais novas integrantes da Corte, compareceu à sessão trajando calça comprida.
Embora o STF tenha liberado o uso de calça para mulheres há quase sete anos, nenhuma das duas ministras do Supremo tinha participado de uma sessão com o traje. As ministras Ellen Gracie, presidente do Tribunal e Cármen Lúcia, as únicas mulheres da Corte, sempre comparecem às sessões de saia ou vestido.
A ministra Cármen Lúcia inovou e agora poderá abrir precedente para outras mudanças que podem beneficiar, inclusive, as visitantes da Corte. Constantemente, os seguranças do plenário barram as visitantes que trajam calça do tipo cosário — um pouco mais curta que a normal — mesmo que acompanhada de blazer combinando. Casaquinhos de malha mais fina também não são permitidos. Hoje, comprimento, modelo dos trajes e até o penteado dos cabelos são alvos dos seguranças.
O uso de calça comprida, desde que acompanhado do blazer, foi liberado no plenário em votação administrativa. Na época o ministro Marco Aurélio Mello foi mais além e votou contra a obrigatoriedade do blazer. Acabou vencido.
Comentários de leitores
3 comentários
Etiene Martins (Estudante de Direito - Internacional)
A postura do Supremo em relação aos trajes de seus visitantes é extremamente rígida. O que mais me impressiona é que ísso é inócuo. Tudo pra manter uma tradição incompatível com os atuais valores democráticos, principalmente o acesso à justiça. Por exemplo, os homens só podem assistir às Sessões Plenários vestidos de terno. Ora, será que o cidadão mais simples possui um terno?? Ficaria impedido de presenciar o julgamento de sua causa ?? Certamente, trajes compatíveis com o ambiente de uma Sessão Plenária não ficam restritos apenas ao uso do terno. O Judiciário deve ser democratizado!!!!
hammer eduardo (Consultor)
Acredito que a Justiça deveria se preocupar mais com assuntos pertinentes ao dia a dia do Cidadão que muitas vezes "morre" no plano fisico aguardando por DECADAS algum tipo de decisão que via de regra vem no carro do Rubinho Barrichelo e guiada por um cágado. Quanto a decisão da Ministra de usar calças compridas em vez de saia , nada mais é do que uma filigrana despropositada para não dizermos uma imbecilidade pura e simples , afinal pouco importa se é saia ou calça , o que interessa é QUEM esta dentro da vestimenta e o resultado final de suas decisões. Concordo com o Comentarista que citou o fato de que enquanto as causas apodrecem nas prateleiras da lentidão , perde-se tempo com questiunculas imbecis do nivel de vestimenta.
Flávio Brasil Marzano (Procurador Autárquico)
É um absurdo até hoje barrarem-se pessoas em tribunais por não se utilizarem da vestimenta adequada!!!! É uma ofensa ao direito de expressão do pensamento constitucionalmente garantido!!! Até qundo o judiciário vai dar exemplos de descumprimento da constituição????? Quem é do povo e não tem ternos e sapatos não pode entrar no plenário, que poder democrático é este? Que confiabilidade este guardião dos direitos e garantias fundamentais passa?
Comentários encerrados em 23/03/2007.
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