Rolo telefônico

Investigação confirma que Telecom Itália subornou brasileiros

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9 de março de 2007, 13h07

Procuradores italianos que investigam uma rede de espionagem e de corrupção armada pela Telecom Itália a partir do ano 2000 têm em mãos provas de que lobistas e funcionários públicos brasileiros faziam parte do esquema. É o que diz reportagem do jornal La Repúbblica, de Milão, assinada pelos repórteres Piero Colaprico e Emilio Randacio, em sua edição desta quinta-feira (8/3).

Segundo o jornal, as descobertas dos procuradores fazem lembrar dos tempos da “Tangentopoli”, o grande escândalo de corrupção que detonou a velha estrutura partidária italiana nos anos 1990. “Só que desta vez as propinas não foram pagas a italianos, mas a brasileiros”. Os pagamentos, de acordo com a reportagem, somaram 980 mil euros. Entre os nomes citados pelo jornal estão os do ex-chefe agência de inteligência do governo federal, Mauro Marcelo, do advogado Marcelo Elias de Toledo e do empresário Luís Demarco.

Os procuradores italianos receberam, há 15 dias, um relatório das autoridades suíças com a movimentação suspeita de contas controladas por Marco Bernardini, ex-agente secreto italiano que prestou serviços como investigador particular à Telecom Italia e que atualmente colabora com as investigações. Segundo a reportagem, o documento suíço contém nome e sobrenome de emitentes de ordens de pagamento, contas bancária de trânsito do dinheiro e destinatário final. “O documento registra uma movimentação bancária definida como interessante e deve acelerar as investigações sobre as supostas propinas pagas pelo grupo telefônico italiano a funcionários públicos brasileiros”, diz o jornal.

O jornal afirma que os pagamentos teriam sido feitos através da Brasil Telecom à Busines Security Agency, companhia de investigação privada com sede em Londres, ligada a Bernardini. “Singulares os destinatários das contrapartidas: lobistas em telefonia e pessoas próximas de políticos brasileiros, altos funcionários públicos, mas também simples policiais”, diz a reportagem.

A reportagem cita o nome do ex-chefe da Abin, Mauro Marcelo, de quem diz apenas que “em maio de 2004 foi chamado pela TIM para dar uma conferência sobre crimes informáticos”.

Cita também o advogado Marcelo Elias de Toledo, que “em 13 de julho de 2005 transferiu da conta de Bernardini na Suíça para sua conta pessoal em Miami US$ 50 mil sem justificação oficial”. Segundo a reportagem, Toledo seria apenas um intermediário para se chegar a “Luís Demarco, pessoa muito influente no Brasil e muito amigo dos gestores dos fundos de pensão que eram sócios da Brasil Telecom”.

Segundo a reportagem “não se exclui que a Telecom Italia tenha procurado aliados na batalha que travava pelo controle da Brasil Telecom com seus sócios brasileiros (Daniel Dantas, do banco Opportunity e Carla Cico, então presidente da Brasil Telecom)”.

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