Rotina hedionda

Jovem que matou a família é condenado a 140 anos de prisão

Autor

8 de março de 2007, 20h34

O pintor Carlos Fabiano Faccion foi condenado a 140 anos de prisão por matar a sua família em março de 2002. Ele não poderá apelar em liberdade. A condenação foi imposta pelo júri popular da cidade de Batatais, a 355 quilômetros da capital paulista.

Na chacina, foram mortos os pais, duas irmãs e uma sobrinha de Faccion. Uma irmã estava grávida de nove meses. O feto também morreu. Um outro irmão do acusado, de sete anos, e uma sobrinha, de três, sofreram danos cerebrais por causa dos ferimentos, mas sobreviveram depois de meses internados. Somente a avó, de 72 anos, que também dormia, não sofreu ferimentos. Foram mortos Carlos Alberto Faccion, de 52 anos; Maria Aparecida da Silva, de 46 anos; Elaine Cristina, de 24 anos, grávida de nove meses; L., de 15 anos e T. R., de quatro.

O pintor pediu ao Tribunal de Justiça de São Paulo para não ser julgado em Batatais. O pedido de desaforamento foi negado com base no argumento de que já acabou o clamor público em cima da chacina. Portanto, não há ameaça à parcialidade do corpo de jurados.

Faccion cometeu os crimes com a ajuda de sua namorada, Edna Emília Milani, e um adolescente. Os familiares foram mortos a paulada. O pintor justificou o crime dizendo que sua família era contra o seu namoro com Edna. Ela já foi condenada a 132 anos de prisão. Como a condenação por uma das mortes lhe rendeu pena superior a 20 anos, ela terá direito a um novo julgamento, previsto para daqui a dois meses. O adolescente (C.F.S.), que participou da chacina em troca de meio quilo de maconha, ficou menos de três anos internado na Febem.

A chacina foi descoberta pelo comerciante Luís Antônio Barbiero, 52 anos, patrão de Carlos Alberto Faccion numa empresa de grama, cimento e calcário. Barbiero notou o atraso do funcionário e foi à sua casa. Às 6h30, viu que o portão e a porta estavam abertos. Entrou na casa e, na cozinha, viu o corpo do funcionário. Foi até um dos quartos e viu outras duas vítimas. Chocado, chamou a polícia.

A casa foi isolada e as duas crianças sobreviventes foram levadas para a Santa Casa de Batatais e depois transferidas para o Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto. Uma denúncia anônima levou a polícia até o pintor, na época com 25 anos. Ele estava com a companheira Edna Emília Milani, então com 20 anos, e o menor C.R.S., de 13.

Faccion estava sujo de sangue e alegou que havia sido agredido na cidade vizinha de Brodowski. O casal foi detido e, na delegacia, confessou o crime com detalhes. Edna disse que se sentia ameaçada pela mãe de Faccion e planejou a chacina. Ela convenceu o rapaz a executar o plano e a contratar o adolescente em troca de meio quilo de maconha.

Faccion contou que esperou a mãe dormir. O primeiro a morrer foi o pai, atingido pelo filho na cabeça com uma barra de ferro. Em seguida, o menor cortou-lhe o pescoço. Depois, a mãe foi morta pelo filho. A irmã Elaine Cristina, de 24 anos, grávida de 9 meses, ainda resistiu e tentou proteger, com o corpo, a filha L. F. D. S., de três anos, e o irmão L. H., de sete. Mas,foi atingida por Edna . L., de 15 anos, tentou ajudá-las, mas morreu com a irmã T. R., de quatro.

A avó Alice Faccion, de 72 anos, que também estava no quarto, nada sofreu e, abatida, foi atendida no hospital da cidade. Ela disse que nada viu e só ouviu barulhos de golpes. Na fuga, os acusados usaram a Variant do pai de Faccion, encontrada logo depois num dos trevos de Batatais. Edna disse que queria matar os adultos após o parto de Elaine e preservar as crianças, mas Faccion antecipou o plano. L. e L. H. tiveram traumatismo craniano e passaram por cirurgias.

Autores

Tags:

Encontrou um erro? Avise nossa equipe!