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Brasileiros discutem seqüestro de carbono nos Estados Unidos

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14 de maio de 2007, 15h08

Cerca de 15 brasileiros participaram nos Estados Unidos, de 7 a 10 deste mês, da VI Conferência Anual sobre Captura e Armazenamento de Carbono e do Workshop Carbon Sequestration Leadership Fórum — CSLF (Fórum Internacional para Lideranças nas Ações em Seqüestro de Carbono).

O evento aconteceu em Pittsburg, na Pensilvânia, e teve representantes também da Índia, Colômbia, México, Arábia Saudita, África do Sul, Austrália, Canadá e União Européia, entre outros.

Promovido pelo Departamento de Energia americano e pelo Laboratório Nacional de Energia e Tecnologia, contou ainda com a presença de mais de 700 membros da Indústria e de Agências do governo norte-americano.

A comitiva brasileira teve integrantes da Indústria, Academia, do Terceiro Setor, do Ministério de Ciência e Tecnologia e da Petrobrás, em geral pesquisadores diretamente envolvidos na captura e armazenamento de CO2 (CCS, da sigla em inglês), que receberam capacitação no evento.

Dois trabalhos brasileiros foram selecionados — um sobre oportunidades para captura e armazenamento geológico de CO2 no Brasil. O outro, sobre a percepção pública no Brasil relativa a esta tecnologia.

“Apesar da posição do governo americano (de não adesão ao Protocolo de Kyoto), as indústrias do setor energético têm consciência e disposição para realizar o seqüestro geológico em suas plantas industriais de geração de energia, principalmente as que utilizam como matéria prima o carvão”, disse o ambientalista Marco Aurélio Ziliotto, que participou do evento.

Ele ficou surpreso com a consciência e disposição das empresas de energia americanas em investir nas ações de captura e armazenamento geológico de CO2, expostas pelos pesquisadores durante suas conferências “O interesse das empresas de energia americanas vai ao encontro da recente posição do IPCC-ONU, que considera a captura e armazenamento geológico de CO2 uma importante opção para mitigação das emissõe de CO2”, diz.

Ziliotto diz que as questões relativas aos riscos para segurança humana e ao meio ambiente precisam ser aprofundadas, para que se possa assegurar a utilização desta tecnologia em larga escala no mundo.

Balanço

Segundo o pesquisador João Marcelo Ketzer, coordenador do Centro de Pesquisa sobre Armazenamento Geológico de CO2 da PUC-RS, que participou do evento como palestrante, o Brasil possui uma enorme capacidade para armazenamento geológico, na ordem de 2 trilhões de toneladas de CO2, o que equivale a décadas das emissões globais nos níveis atuais.

“Esta, sem dúvida, é uma oportunidade do Brasil se tornar um importante ator no processo de mitigação das Mudanças Climáticas, especialmente se o CCS for reconhecido como MDL (Mecanismo de Desenvolvimento Limpo)”, disse Ketzer, que apresentou no workshop o projeto CARBMAP — Mapa Brasileiro de Seqüestro de Carbono.

Para o representante do Ministério de Ciência e Tecnologia, Mauro Meirelles, assessor técnico, o evento trouxe a possibilidade de aprofundar o conhecimento sobre a tecnologia do CCS como opção de mitigação das emissões de dióxido de carbono para melhor posicionamento do país em relação às negociações internacionais sobre mudança do clima, tanto dentro da Convenção do Clima quanto do Protocolo de Kyoto.

Cleber Gomes, representante da Associação Brasileira de Carvão Mineral – ABCM, também integrante da comitiva brasileira, diz que o setor carbonífero é pró-ativo com relação às questões ligadas ao aquecimento global. “A gaseificação do carvão com produção de H2; as tecnologias limpas com captura de CO2 pré e pós combustão; a gaseificação in situ e a estocagem de CO2 em camadas de carvão serão, em breve, as tecnologias que vão assegurar ao carvão sua posição como a fonte de energia do século XXI, não só pela abundância, mas também pelo baixo custo”.

A Petrobrás vem desenvolvendo desde 2002 pesquisa em desenvolvimento tecnológico para redução da emissão de CO2 na atmosfera, em parceria com instituições científicas nacionais e internacionais. Alguns destes projetos foram apresentados no evento norte-americano.

“No planejamento tecnológico para mitigação das mudanças climáticas, o Cenpes (Centro de Pesquisas da Petrobras) possui a meta de implantar a primeira planta em escala piloto em 2008, e de demonstração em 2012”, antecipa Thais Murce, coordenadora do Programa Tecnológico de Meio Ambiente — Proamb/Cenpes.

“Portanto, acompanhar a evolução destas tecnologias no mundo é fundamental para capacitação e tomada de decisões internas”, completa.

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