Manchete no Rio

Prédio da Manchete é arrematado com preço abaixo do mínimo

Autor

26 de junho de 2007, 19h17

Falta pouco para um dos principais endereços da história da imprensa e da TV no país passar para as mãos de uma instituição de ensino privado. Os prédios da Bloch Editores, localizado na Praia do Russel, foram arrematados pela Universidade Salgado de Oliveira (Universo) por R$ 28,391 milhões.

O montante alcançado ficou abaixo da avaliação inicial do imóvel, calculada em R$ 37,701 milhões. Devido ao preço final, a venda foi feita de forma condicional, e aguarda a homologação da 5ªVara Empresarial e a aprovação da massa falida, do Ministério Público e dos herdeiros. A juíza Maria da Penha Victorino e eo procurador do Ministério Público do estado e curador da massa falida da Bloch, Luiz Roldão Gustavo de Souza, têm de uma semana a 10 dias para se pronunciarem.

O leilão ocorreu na tarde desta terça-feira (26/6), na entrada do Fórum Central do Rio de Janeiro. Aberto com o preço da avaliação, não houve interesse inicial. Passados 20 minutos, o leiloeiro Fernando Braga pediu então autorização do curador do Ministério Público do estado, para prosseguir com o valor abaixo do estipulado. Ao alcançar o preço de R$ 28,391 milhões, a Universo fez uso da cláusula de prioridade, por ser a atual inquilina.

Com 30 mil metros quadrados, o conjunto, projetado por Oscar Niemeyer num dos endereços mais nobres da cidade, inclui ainda o Teatro Manchete. A Universo alugou o imóvel em março de 2004 pelo período de sete anos. O contrato de locação está em R$ 168 mil mensais e vai até 2011. Ou seja, pelo total do contrato a Universo irá pagar a metade do preço ofertado para comprar o prédio inteiro.

O presidente da Universo, Jefferson Salgado de Oliveira, confirmou o uso do espaço para a criação de um centro de ensino à distância – a Universo Virtual – e um espaço cultural. “Vamos manter o ideal de cultura de Adolpho Bloch, com a criação do centro cultural e a reativação do Teatro”.

A instituição afirma ter gasto cerca de R$ 6 milhões nas reformas iniciais. Um dos parceiros para a aquisição foi o Banco Bradesco. Salgado de Oliveira destacou também a importância da compra para a instituição. “O prédio tem uma história para a imprensa e será um fator importante de visibilidade da Universo na cidade do Rio de Janeiro”. O prédio poderá ser a primeira filial da Universo na cidade, que conta com outras nove unidades no país.

Para o leiloeiro Fernando Braga, o negócio foi um avanço para acabar com o espólio da Bloch Editores. “Toda vez que conseguimos uma proposta, é um passo positivo para que se efetive a venda”.

No entanto, a venda não foi comemorada por todos. Para o presidente da comissão de ex-funcionários José Carlos Jesus, o resultado ficou aquém das expectativas. “É frustrante, pois esperávamos que alcançasse, pelo menos, o preço da avaliação, o que nos daria uma tranqüilidade para que todos os processos, ou pelo menos 80% deles, fossem quitados”.

As ações trabalhistas da empresa estão calculadas em R$ 32 milhões. Cerca de 1.722 ex-funcionários aguardam completar as indenizações, que tiveram os pagamentos iniciados em 2005. Outros 665 aguardam a homologação do Tribunal Regional do Trabalho (TRT).

O síndico da massa falida, o advogado Walter Soares, não comentou o valor da transação. “Vou analisar com calma, conferir a avaliação e quando a juíza me convocar, vou me pronunciar”. A massa falida recebeu 48 imóveis do espólio da Bloch, dentre terrenos, fazendas e apartamentos, o parque gráfico em Parada de Lucas e as sedes da emissora em Brasília e São Paulo. O próximo bem à venda serão 16 lotes em Santa Cruz, no subúrbio do Rio de Janeiro, em julho.

Autores

Tags:

Encontrou um erro? Avise nossa equipe!