Regime paquistanês

A lei prevalecerá, diz juiz do Paquistão suspenso pelo governo

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24 de junho de 2007, 17h59

O presidente do Tribunal Supremo do Paquistão, Iftikhar Chaudhry, afirmou neste sábado (23/6) que está convicto de que “a supremacia da lei” prevalecerá no país. O magistrado foi suspenso pelo governo do general Pervez Musharraf em março deste ano. Desde então a classe jurídica organiza manifestações contra o presidente.

A declaração foi feita na cidade de Sahiwal, durante uma parada na viagem a Multam, onde discursaria à comunidade local de advogados. O deslocamento do magistrado se transformou em uma procissão de centenas de veículos que demorou 17 horas para percorrer os 165 quilômetros entre Lahore e Sahiwal. A informação é da EFE.

Em Sahiwal, Chaudhry foi recebido com pétalas de rosas. Discursou para advogados e ativistas políticos insistindo na separação entre os poderes Executivo, Legislativo e Judicial.

Antes, o comboio do magistrado teve que parar em vários lugares diante da multidão que pedia que Chaudhry falasse. Em Pattoki, um grupo de advogados se colocou na frente do carro. Só abriram passagem quando o juiz falou.

Chaudhry discursou de dentro do carro, com um megafone e rodeado por uma multidão. Ele também parou em Okara, onde foi recebido por milhares de pessoas e discursou para o colégio de advogados do distrito, do qual foi nomeado membro vitalício.

No dia 9 de março, Chaudhry foi afastado do cargo pelo governo. O presidente alegou ter recebido várias denúncias de conduta inadequada, abuso de autoridade e outras ações incompatíveis com o cargo. Todas negadas pelo juiz.

Juízes, advogados e membros da oposição afirmam que a medida foi uma manobra de Musharraf para enfraquecer o independente juiz, num momento em que o país se prepara para eleições presidenciais e parlamentares. A decisão do governo coloca em cheque a independência do Judiciário em um país dominado pelos militares desde 1999.

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