Dentro da ética

Publicação de artigos também é ferramenta de marketing

Autor

  • Ari Lima

    é empresário engenheiro consultor e especialista em marketing e gestão de escritórios de advocacia.

23 de junho de 2007, 0h00

Promover a carreira de um advogado, através de ações de marketing, exige certo cuidado, uma vez que o código de ética da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) impõe uma série de limitações. Dentre as diversas ações possíveis de praticar, sem ferir o código, pode-se destacar a publicação de artigos, que, além de ser eficaz na conquista de novos clientes, tem o poder de consolidar uma marca, quesito fundamental em uma carreira de sucesso.

No entanto, é preciso fazer algumas ressalvas sobre os tipos de artigos escritos por advogados e encontrados nos diversos meios de comunicação. Em geral são artigos técnicos, em uma linguagem pouco acessível ao público em geral. É como se a maioria destes artigos fossem dirigidos a outros advogados, que na verdade não é seu público alvo.

Devemos classificar os artigos em duas categorias, os artigos técnicos e os artigos informativos. Vamos explicar:

– artigos técnicos ou acadêmicos destinam-se a estudantes e profissionais, advogados ou não, que necessitam entender melhor algum dispositivo legal, ou conhecer outras aplicações de uma lei, por exemplo.

– artigos informativos têm como objetivo informar o público em geral ou um setor da sociedade sobre algum aspecto legal de uma determinada situação.

Os dois tipos de artigos são importantes para a carreira de um advogado. No entanto, o artigo informativo tem um alcance maior e permite que o profissional exponha suas idéias com maior freqüência, pois a elaboração de um artigo informativo demanda menos tempo e exige menor pesquisa de dados. É como se fosse uma conversa com um cliente, explicando um determinado assunto. Seria uma espécie de consulta gratuita ao público.

Em nossas palestras e no trabalho como consultor de marketing jurídico, temos sugerido aos advogados que criem o hábito de escrever artigos informativos e os publiquem com a maior freqüência possível. Mas, também, que procurem desenvolver sua capacidade de escrever de forma simples, objetiva e em uma linguagem acessível ao leigo.

Existe uma enorme demanda social por informações jurídicas sobre aspectos do cotidiano das pessoas e das empresas. Executivos, gerentes e pequenos empresários gostariam de conhecer melhor os aspectos da legislação fiscal, tributária e trabalhista, por exemplo, a partir de uma leitura rápida, objetiva e agradável.

O cidadão comum, a dona de casa, o profissional liberal, o motorista de táxi, enfim, todos gostaríamos de conhecer, de uma maneira simples, objetiva e fácil, aspectos da lei que interferem em nosso cotidiano. Muitas vezes, o cidadão tem o direito prejudicado por pessoas, empresas ou pelo próprio governo, sem que saiba se defender, por desconhecimento da lei.

O seguro obrigatório, DPVAT, por exemplo, garante uma série de direitos ao cidadão comum em caso de acidente de trânsito. Porém, a maioria das pessoas desconhece. Seria um ótimo tema para um artigo por parte de advogados.

Pode ocorrer de um escritório ou advogado transgredir o código de ética da OAB ao oferecer seus serviços a clientes sem necessidade. Mas, através de artigos, poderia realizar a mesma tarefa, de maneira mais sutil, ética e eficaz.

A reportagem de capa publicada na revista Visão Jurídica 8 apresenta o caso do acidente do Boing 1907, que culminou com a morte de 154 pessoas em 2006. Os parentes das vítimas reclamaram à imprensa que foram agressivamente abordados por alguns advogados de escritórios, que chegaram a se hospedar nos mesmos hotéis que as famílias com o intuito de se aproximarem. Alguns, inclusive, chegaram a introduzir cartões de visitas e currículos embaixo da porta dos quartos onde os parentes estavam hospedados.

Neste caso, a publicação de artigos, apresentando os diversos aspectos legais da tragédia, bem como o direito dos familiares, em uma abordagem que respeitasse, não apenas o código de ética do setor, mas, principalmente, o momento emocional dos familiares, teria alcançado um resultado melhor, além de prestar um serviço àquelas famílias.

Em vista do exposto, sugerimos que a elaboração de artigos informativos, por parte de advogados, seja realizada com as seguintes preocupações:

– dirija a um público específico;

– apresente um tema central que seja de domínio do profissional;

– apresente as idéias de forma clara e objetiva;

– preste as informações úteis e apresente as soluções;

– possibilite uma leitura fácil e rápida.

Portanto, acreditamos que a elaboração e publicação de artigos por parte de advogados é uma prática eficaz para a promoção da carreira do profissional. Possibilita, também, que este preste relevantes serviços à comunidade, tornando-se uma fonte de informações úteis para os cidadãos e as organizações. Assim, ajudará a manter, defender e preservar o direito na sociedade.

Autores

Tags:

Encontrou um erro? Avise nossa equipe!