Operação Oeste

Justiça recebe denúncia contra policiais acusados de corrupção

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22 de junho de 2007, 0h00

O juiz federal substituto Leonardo Pessorusso de Queiroz, da 3ª Vara Federal de Marília (SP), recebeu as três primeiras denúncias contra policiais, delegado da Polícia Civil e empresários apontados na Operação Oeste. Eles são acusados de estelionato, corrupção, violação de sigilo, grampo ilegal e advocacia administrativa.

A operação, deflagrada pela Polícia Federal e pelo Ministério Público Federal em 26 de abril, culminou na prisão de 43 pessoas. No momento, 29 pessoas continuam presas. As investigações começaram em novembro de 2005.

As denúncias recebidas foram elaboradas pelos procuradores da República Célio Vieira da Silva, André Libonati, Fabio Bianconcini Freitas e Fabricio Carrer.

A primeira denúncia é contra os 14 envolvidos no que chamaram de “golpe do Três por Um”. Segundo o MPF, o esquema era chefiado por Arineu Zocante, que se apresentava como “dr. Antonio”, e contava com participação e apoio de policiais. Zocante está foragido, mas responderá pelos crimes de formação de quadrilha, estelionato e corrupção ativa.

Ainda segundo o MPF, na época em que a cotação do dólar era R$ 2,238, “dr. Antonio” se ofereceria a pagar R$ 3 por dólar. Conforme a denúncia, interessados no negócio, empresários faziam a viagem de São Paulo a Marília e encontravam-se com o golpista num hotel de Marília, onde acabavam presos pelos policiais federais envolvidos e o dinheiro apreendido e dividido pela quadrilha, afirma o MPF.

Segundo a denúncia, os acusados contavam com o apoio do delegado João Vicente Camacho Ferrario, da Delegacia de Investigações Gerais de Marília. Ferrario é acusado de formação de quadrilha, estelionato, advocacia administrativa, violação de sigilo profissional e corrupção passiva.

Além de Zocante e Ferrario, foram denunciados neste processo mais 12 pessoas: os agentes federais Emerson Luis Lopes e Henrique Pinheiro Nogueira, por formação de quadrilha, estelionato e corrupção passiva; o policial rodoviário federal Ademilson Domingos de Lima, por estelionato e quadrilha; o cabo da PM aposentado e empresário do ramo de segurança, Silvio Cesar Madureira, por estelionato, formação de quadrilha e corrupção ativa.

Responderão exclusivamente por estelionato e quadrilha os advogados José Mario de Oliveira e Jesus Antonio da Silva, a secretária Elaine Cristina de Oliveira, o motorista Carlos Alberto da Silva, o aposentado Orlando Felipe Chiararia, o corretor de títulos Flávio Eduardo de Oliveira Leme de Godoy, a gerente de hotel Cristina Helena Turatti Leite e o segurança Douglas Sebastião da Silva.

No segundo caso, foram denunciados dois agentes da PF, Henrique Pinheiro Nogueira e Roland Magnese Júnior, responsáveis pela fiscalização de empresas de segurança nas delegacias de Marília e Presidente Prudente. Ambos são acusados de advocacia administrativa e Nogueira também foi denunciado por corrupção passiva. A denúncia aponta que eles teriam ajudado empresas de segurança, relaxando a fiscalização e agilizando documentos.

A terceira denúncia envolve o agente da Polícia Federal Celso Ferreira, o investigador da polícia civil aposentado Adagoberto José, o técnico em telecomunicações Mohamed Nasser Abucarma e o empresário Sidney Vito Luisi. Segundo o MPF, eles faziam escutas clandestinas e vendiam informações sigilosas de escutas legalizadas realizadas pela PF para empresários e outros interessados.

Ferreira, Adagoberto e Abucarma são acusados de corrupção passiva, interceptação telefônica clandestina e violação de sigilo funcional. Luisi, que colaborou com as investigações, responde em liberdade pelo crime de corrupção ativa.

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