Prisão perpétua

Ditadura argentina foi um genocídio, afirma Justiça italiana

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20 de junho de 2007, 17h56

A ditadura argentina (1976-1983) foi um “verdadeiro genocídio”, que se produziu sob o pretexto da guerra fria, promovida pelos Estados Unidos, e com aval silencioso da Igreja Católica. É o que a afirma a Justiça italiana em sentença divulgada na segunda-feira (18/6) em Roma, informa o El País.

A sentença reconhece os fundamentos jurídicos para condenar os ex-oficiais argentinos Jorge Eduardo Acosta, Alfredo Ignacio Astiz, Jorge Raúl Vildoza, Antonio Vañek e Héctor Antonio Febrés.

Os cinco foram condenados a prisão perpétua, em 14 de março, pelo desaparecimento do casal italiano, Angela María Aietta Gullo e Giovanni Pecorato, e sua filha Susana.

“A abundante instrução permitiu reconhecer judicialmente o que, por outra parte, era conhecido historicamente: que entre 1976 e 1983 se instaurou na Argentina uma feroz ditadura militar que, com o pretexto de combater a guerrilha e frear a difusão de idéias marxistas, levou por fim, com métodos inumanos, um verdadeiro genocídio”, diz a sentença.

A partir deste trecho e nas 96 páginas seguintes da sentença, o tribunal de Roma faz uma narrativa histórica do que aconteceu durante os anos do golpe.

Ele estabelece, por exemplo, diferenças entre a “ostentosa” ditadura chilena, que começou três anos antes, e a “silenciosa, escondida e científica” ditadura argentina. “A perseguição política foi clandestina, sem canhões nem blindados”.

A sentença narra também como, diante da divisão do mundo em dois blocos, os Estados Unidos estabeleceu o Tratado Interamericano de Assistência Recíproca, “uma espécie de OTAN que previa a obrigação da intervenção em todos os países que se um era atacado”.

Segundo os juízes italianos, era evidente que a única nação que podia estar em tal situação eram os Estados Unidos. No entanto, os países da América do Sul interpretaram o perigo de ataque como “um perigo interno”.

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