Caça-níqueis

Acusados na Operação Xeque-Mate serão denunciados

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18 de junho de 2007, 10h51

O Ministério Público Federal de Mato Grosso do Sul apresentará, nesta segunda-feira (18/6), denúncia criminal contra os 27 acusados de integrarem a máfia dos caça-níqueis que explorava o jogo de azar em quatro Estados – Mato Grosso do Sul, São Paulo, Paraná e Rondônia. Entre eles, o irmão mais velho de Lula, Genival Inácio da Silva, o Vavá, e o compadre do presidente, Dario Morelli Filho. A informação é do jornal O Estado de S. Paulo.

Vavá, que será denunciado por tráfico de influência e exploração de prestígio, pode ter seu processo desmembrado e remetido à Justiça de São Paulo. O relatório da Polícia Federal sobre a Operação Xeque-Mate aponta que Vavá tentava “vender facilidades” dentro do governo, usando o nome de Lula, em troca de dinheiro. Mas a PF ressalta que o nome de Lula era usado à sua revelia.

Morelli deve ser denunciado por formação de quadrilha, exploração do jogo de azar, contrabando, falsidade ideológica e sonegação fiscal. O compadre do presidente é listado como sócio do chefe da máfia dos caça-níqueis, Nilton Servo, na exploração de máquinas caça-níqueis em Ilha Bela, São Paulo.

De acordo com a reportagem, os grampos mostram que eles planejavam expandir os negócios para São Sebastião (SP) e Manaus (AM). “Dario Morelli Filho gerencia pessoalmente a sala de jogos Deck Vídeo Bingo, ficando claro nos áudios que ele e Servo também possuem máquinas instaladas em outros estabelecimentos comerciais daquela cidade (Ilha Bela)”, afirma o relatório feito pela PF.

Morelli é acusado também de “fazer o pagamento de propinas a policiais que, em contrapartida, não reprimem a atividade ilícita de exploração do jogo de azar”. Segundo a PF, “um dos policiais civis que recebia propina de Morelli é o investigador conhecido apenas pela alcunha de Beto, lotado na delegacia de Ilha Bela”.

A organização

O irmão e o compadre do presidente Lula serão incluídos na denúncia do MPF como envolvidos numa “poderosa organização criminosa” composta por cinco grupos. O MPF vai sustentar que ficou comprovada uma atuação integrada, com divisão de tarefa definidas, visando ao lucro e de forma continuada para a exploração de jogos de azar. O grupo foi enquadrado também por contravenção e corrupção ativa e passiva.

O relatório da PF diz que “a característica mais marcante dos grupos criminosos investigados é, sem dúvida, a continuidade delitiva.” E prossegue: “Embora tenham sido realizadas no decorrer das investigações diversas apreensões de máquinas caça-níqueis, o fato é que em nenhum momento essas operações policiais foram capazes de inibir as ações dessas organizações criminosas, que continuaram operando normalmente, não interromperam suas atividades delituosas.”

Segundo a PF, a ação do grupo só foi bloqueada após a decretação da prisão temporária dos investigados. Nas investigações, ficou comprovado que os envolvidos locavam ou compravam máquinas caça-níqueis contrabandeadas por uma empresa paulista, a Multiplay.

A denúncia seguirá para o juiz da 5ª Vara Federal de Campo Grande, Dalton Conrado, que decidirá se a acata. Se julgados pelos crimes tipificados, os acusados estarão sujeitos a penas que vão de três a 28 anos de reclusão.

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