Em reunião com a coordenação política do governo, na segunda-feira (11/6), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva manifestou preocupação com possíveis excessos cometidos nas investigações da Polícia Federal. Ele disse que a corporação precisa ter cuidado com vazamentos de conversas grampeadas para não expor suspeitos sem provas. A informação é do jornal O Estado de S. Paulo.
Lula reiterou que não acredita no envolvimento de seu irmão, Genival Inácio da Silva, o Vavá, com a máfia dos caça-níqueis. Foi a primeira vez que o presidente fez um reparo à condução dos trabalhos da PF desde o início da Operação Xeque-Mate. “A Polícia Federal tem de investigar o que tem de ser investigado, mas é preciso ter cuidado com os processos de investigação para evitar os excessos”, afirmou, de acordo com ministros que participaram da reunião, no Palácio do Planalto.
O governo está preparando um projeto que restringe o uso das escutas telefônicas nas investigações. Pela proposta que está em debate, a Polícia só poderia utilizar grampos nas apurações com a autorização do Ministério Público.
Ao ouvir na segunda-feira (11/6) o relato do ministro da Justiça, Tarso Genro, sobre o andamento das investigações da PF, Lula afirmou que muitas vezes os vazamentos de escutas telefônicas expõem os investigados de forma irreparável. “Depois, quando se vai ver, não é bem assim e a vida da pessoa já está arruinada, como ocorreu no caso da Escola Base”, argumentou.
O episódio a que se referiu o presidente ocorreu em março de 1994, em São Paulo. Os donos da Escola Base foram massacrados publicamente depois de serem acusados de abusar sexualmente de alunos. O caso virou manchete, a escola foi depredada, mas a Justiça concluiu pela inocência dos acusados.
Decepção
Lula avalia que Vavá foi um inocente útil, como definiu o diretor-geral da Polícia Federal, Paulo Lacerda. Em conversas reservadas, porém, o presidente mostrou decepção com o comportamento de Dario Morelli Filho, seu compadre, que foi preso na Operação Xeque-Mate, acusado de ser sócio de uma casa ilegal de máquinas caça-níqueis.
Sindicância da PF apontou que Vavá, indiciado em inquérito, foi aliciado por Morelli para o negócio.
Morelli é muito próximo de Lula e de Marisa Letícia, a primeira-dama. Foi ele quem registrou um boletim de ocorrência quando uma propriedade rural do presidente transformou-se em alvo de assaltantes durante o primeiro mandato.
O compadre de Lula fez o mesmo quando Marisa teve um objeto roubado. “Conheço ele das festas do PT”, disse o filho de Vavá, na semana passada.
Comentários de leitores
11 comentários
futuka (Consultor)
HA HA HA essa do CHEFE DESCONTENTE valeu CONJUR! ..me recordo como se fosse hoje, quando a policia federal grampeou o telefone do presidente do incra e tb "cumpádi" de um certo presidente. Áhh me recordo como foi o comportamento do presidente da república à época. Bem, esse é um outro tema não é?!..reclamar em reunião faz parte, o que não pode é MANDAR parar e ponto final(alguem se lembra?). O que o presidente poderia e pode fazer a qualquer hora, afinal quem vai peitar ..tendeu?.
Dr. Tarcisio (Advogado Autônomo)
É UMA "COMÉDIA"...!!! QUANDO APERTA OS "SEUS" HÁ "EXCESSOS"...??? É como dizem...nos dos outros é refresco...!!!
Ramiro. (Advogado Autônomo - Criminal)
Eita Presidente coerente... A PF deve estar respeitando a sua autoridade...
Comentários encerrados em 20/06/2007.
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