Xeque-mate

Polícia Federal indicia irmão de Lula por tráfico de influência

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5 de junho de 2007, 12h14

A Polícia Federal fez busca e apreensão na casa de Genival Inácio da Silva, o Vavá, irmão mais velho do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em São Bernardo do Campo. De acordo com reportagem da Folha de S. Paulo, ele foi indiciado por tráfico de influência no Executivo e exploração de prestígio no Judiciário.

A ação fez parte da Operação Xeque-Mate, que prendeu na segunda-feira (4/6), até o fim da tarde, 77 pessoas acusadas de pertencer à máfia dos caça-níqueis e a um esquema de corrupção de policiais militares e civis. Oito pessoas estavam foragidas. Um dos presos, Dario Morelli, é pai do afilhado de Lula.

Ainda segundo a reportagem o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que estava na Índia, reagiu com grande irritação ao ser informado da inclusão de seu irmão na investigação da PF. Ele reclamou por não ter sido avisado com antecedência e disse a auxiliares que já havia pedido ao irmão que tomasse cuidado para não comprometê-lo. Vavá já foi motivo de constrangimento para Lula em 2005.

A PF pediu a prisão de Vavá. A Justiça indeferiu o pedido. Alegou que o tráfico de influência e a exploração de prestígio não beneficiaram a máfia dos caça-níqueis e que ele não faria parte da quadrilha. A polícia investiga um suposto pagamento a Vavá pelo candidato derrotado a deputado federal Nilton Cézar Servo (PSB-MS), que está foragido. Vavá não falou sobre o caso.

Segundo a PF, Servo era sócio de Dario Morelli Filho em uma casa de jogos na Baixada Santista. Funcionário da Assembléia Legislativa de São Paulo de 1999 a 2002, Dario foi preso e indiciado por corrupção ativa e formação de quadrilha. Os presos são acusados de contrabando de componentes eletrônicos para caça-níqueis, corrupção e tráfico de drogas.

O esquema dos caça-níqueis movimentava R$ 250 mil por dia, segundo relato da PF. No total, foram 120 mandados de busca e apreensão, além das prisões em Mato Grosso do Sul, São Paulo, Paraná, Mato Grosso, Rondônia, Minas Gerais e Distrito Federal. Do total de prisões, 56 ocorreram em Mato Grosso Sul, 16 em São Paulo e o restante no Distrito Federal e demais Estados.

“Temos alguns casos sobre exploração de prestígio e tráfico de influência, mas [o processo] corre em segredo de Justiça”, afirmou o delegado Alexandre Custódio ao ser questionado se havia participação de políticos no esquema. Na segunda-feira, o ministro da Justiça, Tarso Genro, avisou o Palácio do Planalto sobre o envolvimento de Vavá na operação.

A PF disse ter identificado cinco organizações criminosas dentro do esquema desmontado. “Três coronéis da PM [presos na operação] já eram até donos de máquinas”, disse o delegado Custódio.

O grupo, segundo a PF, importava ilegalmente componentes eletrônicos e montava caça-níqueis em São Paulo e Mato Grosso do Sul. Para evitar a apreensão das máquinas, pagavam propinas a policiais, incluindo um delegado da Polícia Civil em Mato Grosso do Sul. No total, 14 policiais do estado foram presos.

No grupo ainda atuavam seis advogados. Nilton Cezar Servo e o empresário Jamil Name Filho, sobrinho do presidente da Assembléia Legislativa do Estado, Jerson Domingos (PMDB) estavam no grupo. A lista ainda incluiu o ex-deputado estadual Roberto Razuk. A família de Name disse que atua legalmente no setor de jogos. Domingos preferiu não comentar. A reportagem não localizou os advogados de Servo.

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