Planejamento na aviação

Nomeação de Nelson Jobim não é uma mera troca de cargo

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26 de julho de 2007, 12h40

Como se planeja o setor aéreo? Um bom exemplo a ser seguido é a o do FAA (Federal Aviation Association), entidade reguladora do setor aéreo norte-americano, o planejamento está estruturado a partir dos seguintes pontos: a aviação está mais segura do que nunca, a capacidade deve crescer de acordo com a demanda, e deve ser estruturada a partir de um bom ambiente.

Essas idéias estão expostas no documento Draft Flight Plan 2008-2012. A idéia central é redesenhar o sistema de aviação norte-americano, para que funcione sem percalços até 2025. “Nós devemos manter os relacionamentos produtivos que forjamos com nossos parceiros internacionais, e nós devemos continuar a fornecer a todos os americanos o melhor valor possível para o seu investimento”, diz o documento.

Os números ajudam. O número de acidentes na rede aérea comercial despencou 63% nos últimos dez anos, enquanto os acidentes no setor aéreo em geral foram consideravelmente reduzidos. Segundo a entidade, “nosso sistema precisa continuar a mudar para acompanhar as necessidades de crescimento do país, atraindo as mais brilhantes mentes da indústria, encorajando nossos empregados a atingirem a excelência em tudo o que fazem, e usando as vantagens das novas tecnologias”.

O trabalho implementará uma metodologia chamada de NextGen (Next Generation Air Transportation System), para acompanhar o ritmo de avanço da quantidade de passageiros (cerca de 800 mil passageiros/dia), introdução de novas tecnologias (como os micro-jatos e os sistemas de aviação automática) e o aumento da quantidade de vôos a baixo custo.

Os principais projetos a serem implementados serão os seguintes:

— Adoção do Automatic Dependent Surveillance-Broadcast (ADS-B), tecnologia via GPS que será aplicada para fornecer aos controladores de vôo e aos pilotos informações mais detalhadas sobre a identificação, posição e velocidade dos aviões no espaço aéreo norte-americano.

Implementação do Required Navigation Performance (RNP), capaz de complementar a precisão das informações de navegação aérea, reduzindo o espaço, sem comprometer a segurança.

Modernização do controle de tráfego aéreo, com o desenvolvimento do chamado User Request Evaluation Tool (URET), que automaticamente detecta e avisa os controladores de vôo sobre os conflitos entre a frota aérea e as condições climáticas, realocando os vôos via rotas alternativas e ajudando a reduzir o número de mudanças, com conseqüente queda de custos.

Adoção do Improving Runway Safety, para informar aos pilotos as condições de pouso e decolagem, principalmente à noite ou com más condições climáticas, ou quando a tripulação não está familiarizada com o layout do aeroporto.

Nada desse planejamento está fora do alcance da competência nacional. Há muito as grandes corporações aprenderam a planejar, a olhar o futuro, a fixar objetivos, a definir as etapas necessárias para se alcançar o proposto. Mesmo empresas estatais dominam essas metodologias.

Mas ainda não chegou na administração direta

Com Tatiane Correa, do Projeto Brasil

Defesa — 1

A nomeação de Nelson Jobim para Ministro da Defesa não é uma mera troca de cargo. O desafio de Jobim, no fundo, será construir o Ministério. Trata-se de uma organização sem estrutura, cargo,em tudo dependendo das Forças Armadas. Seu desafio será montar o pensamento estratégico, comando e capacidade política para administrar conflitos. O principal desafio do governo era resolver o problema do comando da crise.

Defesa — 2

Na avaliação do Planalto, a crise do setor foi decorrência de três fatores: ganância das companhias, comodidade dos usuários e, principalmente, atitude contemplativa das autoridades da área. O terceiro item será combatido com a indicação de Jobim e com o novo papel conferido ao Conselho Nacional da Aviação, que passará a ser reunir mensalmente e a definir as regras do setor.

Defesa — 3

Pensou-se inicialmente em afastar a direção da ANAC (Agência Nacional de Aviação Civil). Decidiu-se que seria inútil. Primeiro, porque atrasaria a implementação das medidas já que, primeiro, teria que se proceder à troca. Agora, com a orientação do Conac, vai se avaliar com lupa a atuação da ANAC. Não estando a contento, providenciam-se as alterações, mas sem atrasar as medidas que precisaram ser tomadas agora.

[Artigo publicado originalmente na Coluna Econômica do Luis Nassif nesta quinta-feira (26/7)].

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