Defesa pessoal

Gushiken pede à PF para investigar jornalistas

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27 de janeiro de 2007, 15h19

Está em curso na imprensa brasileira uma conspiração para prejudicar o ex-secretário de Comunicação do governo, Luiz Gushiken. Jornalistas são subornados pelo empresário Daniel Dantas para falar mal do petista. Com essa idéia na cabeça e um ofício na mão, Gushiken pediu ao diretor da Polícia Federal para investigar jornalistas que publicam notícias que lhe desagradam.

A PF não só confirmou o recebimento do pedido como informou que já há um delegado investigando jornalistas sobre a suposta operação em curso que “envolveria escutas ilegais e divulgação de informações falsas, com a finalidade de atingir a honorabilidade” da pessoa do ex-ministro.

As informações e a correspondência à PF foram divulgadas pelo site Conversa Afiada do jornalista Paulo Henrique Amorim.

Gushiken, no governo era quem lidava com agências de publicidade e comandava a ação dos fundos de pensão: dois campos em que a primeira administração de Lula fez por merecer caudalosas reportagens. O primeiro, pelas altas somas de “dinheiro não contabilizado” que trafegaram pelas campanhas eleitorais e outras esconderijos. O segundo, por meter o governo e a própria PF numa guerra de negócios que envolveu a Telecom Itália, o Citigroup e o Opportunity, do banqueiro Daniel Dantas. Imagina-se que os resultados do gerenciamento de Gushiken não tenham contribuído para sua permanência no governo.

O objetivo do petista com a divulgação de sua carta eletrônica parece ser unicamente a sua divulgação, já que a sua conhecida proximidade com a Polícia Federal dispensa, certamente, esse tipo de formalidade. Ao expor os nomes dos profissionais, Gushiken pode estar buscando dois objetivos: prevenir-se, cautelarmente, da publicação de fatos que vêm por aí e/ou desestimular jornalistas a escreverem a seu respeito.

O site de Paulo Henrique Amorim informa que, em contato com a PF, a instituição confirmou o recebimento da correspondência que foi encaminhada “ao delegado que já investiga as denúncias, e prometeu dar mais informações”.

Leia o ofício de Gushiken à PF e ao site Conversa Afiada

Indaiatuba, 25 de janeiro de 2007.

Ilmo.sr.

Diretor Geral do Departamento da Policia Federal

Sr. Delegado Paulo Lacerda

Serve a presente para informar o que segue.

Em 28 de setembro de 2006 enviei à Vossa Excelência cópia do oficio 086/2006 – NAE/PR dirigida ao sr. Ministro de Estado da Justiça, sr. Marcio Thomaz Bastos, na qual levantava suspeita de “que suposta operação estaria em curso, e envolveria escutas ilegais e divulgação de informações falsas”, com a finalidade de atingir a honorabilidade da minha pessoa.

Ainda no oficio afirmava que “como é do conhecimento de Vossa Excelência, não é a primeira vez que isso ocorre e um exemplo desse comportamento ignominioso ocorreu no mês de maio do corrente ano, em que a revista Veja que circulou com a data de 17/05/06, publicou um falso dossiê com diversas contas bancárias, inclusive uma atribuída ao Senhor Presidente da República. Mas não é só. Essa prática nefanda, levada a efeito pelo sr. Daniel Dantas e pessoas a ele ligadas, já vem de longa data, tendo sido realizados atos de espionagem ilegal e violação de sigilo telefônico, feitos pela empresa Kroll Associates, bem como o suborno de jornalistas para que publiquem matérias de conteúdo falso e altamente ofensivo à minha pessoa. A propósito disso, as revistas Veja e Carta Capital, já publicaram matéria apontando que o sr. Leonardo Attuch, da revista Isto É, seria um desses jornalistas.”.

Daquela data até o dia de hoje, outros fatos têm ocorrido:

Em 23/08/06 a revista Veja, na coluna Radar, o jornalista Lauro Jardim redige matéria difamante sobre minha pessoa, cujo desmentido não mereceu espaço em sua coluna, apesar das abundantes provas apresentadas ao referido jornalista sobre o caráter calunioso e inverídico da matéria. Diz a matéria: “Gushiken revelou-se requintado… serviu-se de uma garrafa de Grand Vin de Chateau Latour, safra 1994, um tinto apreciadíssimo. Depois, o “China” acendeu um charuto cubano… Total da brincadeira: 3.500 reais. A conta foi paga em dinheiro vivo”. Frente a tais calúnias já adotei as medidas judiciais cabíveis.

Em 24 de janeiro de 2007, na revista Veja, o colunista Diogo Mainardi, comentando o assalto que eu e minha família fomos vítimas em 20/12/06, sugere maliciosamente que os recursos financeiros em reais que os ladrões roubaram sofreram sonegação fiscal por ação deliberada de minha parte; sugerindo também que os recursos em dólares roubados na mesma ocasião poderiam alcançar cifras elevadíssimas. É o que está dito na matéria aludida: “Quanto? Nos últimos anos, os petistas se acostumaram a lidar com grandes valores, 315.000 dólares? … Por falar em China, quanto ele tinha em Indaiatuba? 3.150.000 dólares?”

Em verdade, os recursos roubados têm origem legal, jamais foram objeto de sonegação fiscal. Quanto aos dólares a cifra gira entre U$ 2.400,00 (dois mil e quatrocentos dólares) a U$ 2.700,00 e correspondem às sobras de viagem que fizemos ao exterior, para o qual minha esposa efetivou uma operação em casa de câmbio oficialmente autorizada pelo Banco Central, no valor total de U$ 4.428,00 (quatro mil, quatrocentos e vinte e oito dólares), no dia 08 de novembro, cujos comprovantes encontram-se em minhas mãos. Aliás, o referido assalto se deu três dias após nosso retorno.

As referidas matérias induziram os leitores a uma falsa idéia sobre o meu patrimônio e sua origem. E como minha honra e imagem pessoal foram afetadas, estou tomando as providências cabíveis no âmbito da Justiça.

Se não bastassem os sofrimentos e os traumas terríveis resultantes do assalto e a nossa impotência frente às mentiras e difamações, cuja reparação “a posteriori” jamais eliminará por completo os efeitos do veneno da calúnia, muitas indagações perturbam o meu espírito: por que razão minha pessoa é alvo de ações difamantes? Existe ação orquestrada, envolvendo empresários nessa ação de demolição da reputação alheia, induzindo jornalistas a matérias equivocadas?

Sr. Delegado,

Estas são observações e preocupações sobre um contexto no qual, infelizmente, minha pessoa e meus familiares somos vítimas de ações pérfidas. E o que é pior, minha intuição é que estas ações tendem a continuar, porque me parecem articuladas, possivelmente em face dos desafetos gerados e de grandes interesses contrariados quando exerci a função de Ministro de Estado, razão pela qual solicito a adoção de medidas policiais cabíveis considerando os termos do ofício já aludido de 28/09/06.

Atenciosamente

Luiz Gushiken

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