Liberdade ou morte

Greve de fome de militante do ETA agita Judiciário espanhol

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25 de janeiro de 2007, 19h24

A Audiencia Nacional espanhola, espécie de Supremo Tribunal Federal, está agitada com a possibilidade de ter de suportar o peso de da morte do militante do ETA (grupo separatista basco) Iñaki De Juana Chãos, que está em greve de fome há 78 dias. De Juana exige a liberdade para voltar a comer.

O Hospital Doce de Octubre de Madrid, onde está internado, divulgou laudo médico afirmando ele corre sérios riscos de morte caso não volte a se alimentar normalmente. Ele é mantido por uma sonda no nariz. O medo é que De Juana se torne um mártir da causa basca. O assunto toma conta da primeira página dos jornais espanhóis.

Com um passado sangrento e cruel, De Juana passou os últimos 18 anos na prisão. O militante foi acusado por 25 assassinatos em atentados terroristas e teve uma pena de três mil anos de prisão. No entanto, benefícios penitenciários dariam a ele o direito de sair da cadeia em janeiro de 2005.

Mas o direito foi negado depois que De Juana publicou artigos considerados como ameaças terroristas no diário Gara. Entre os ameaçados, está o presidente da Audiência Nacional, Javier Gómez Bermúdez. A pena por ameaça é de 12 anos e 7 meses.

A Audiencia Nacional decidiu, por 12 votos a favor e 4 contra, manter De Juana preso. O tribunal acatou uma petição da Associação de Vítimas do Terrorismo, que exige a manutenção da prisão do militante e sua alimentação forçada. A maioria dos juízes esconde uma aparente tranqüilidade que não existe. Na sessão desta quarta-feira (24/1), o plenário da Audiencia foi palco de cenas que não são comuns em um tribunal.

Os únicos três juízes presentes à sessão estavam inclinados a conceder liberdade provisória ao preso, sendo que o pedido inicial era de uma prisão atenuada. O juiz Alfonso Guevara ficou sabendo da inclinação, agitou outros magistrados e conseguiu poucos minutos depois nove assinaturas para impedir a liberdade de De Juana. O episódio foi classificado de “rebelião” pelo jornal El Pais.

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