Excesso na ilha

FBI divulga relatório que aponta tortura em Guantánamo

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4 de janeiro de 2007, 15h27

Agentes do FBI, a polícia federal dos Estados Unidos, divulgaram nesta quarta-feira (3/1) um relatório com 12 casos de maus tratos cometidos na Base Militar de Guantánamo, em Cuba, onde os americanos mantêm presos algumas centenas de supostos terroristas. Entre os relatos, há o de um detento que teve a cabeça enrolada e atada por ter cantado versos do Alcorão e outros dois que foram pendurados pelos cabelos.

Segundo o site Findlaw, o FBI diz que as torturas foram praticadas pelos militares para obter confissões de “inimigos de combate”. O dossiê do FBI sustenta que uma guarda feminina do exército costumava “derramar o seu sangue menstrual no rosto de detentos”. Outro torturador teria se vestido de padre e torturado prisioneiros como forma de “batismo”.

Entrevistados pelo FBI, os torturadores classificam a violência como “técnicas de investigação aprovadas por oficiais do Departamento de Defesa e pelo ex-secretário Donald Rumsfeld”. O porta-voz militar do Pentágono, Joe Carpenter, afirmou que as denúncias dos 12 casos já estão sob apuração “e não são novas”.

A prisão da base naval de Guantánamo foi criada em 11 de janeiro de 2002. Para lá foram enviados os prisioneiros capturados pelas forças dos Estados Unidos que invadiram o Afeganistão logo após os atentados contra as torres gêmeas de Nova York, em 11 de setembro de 2001. Outros suspeitos de terrorismo também foram enviados para a prisão.

Desde sua inauguração, já passaram pela ilha 775 prisioneiros, classificados como “inimigos combatentes”, sem acusação, processo ou julgamento. Entre os presos, 17 eram menores de 18 anos. Hoje, estão na prisão 430 prisioneiros de 35 diferentes países, mas nenhum americano. Os outros 435 presos foram enviados de volta a seus países.

Nos quase cinco anos de funcionamento da prisão, nenhum prisioneiro foi condenado. As dez denúncias apresentadas pelas comissões militares de julgamento foram consideradas ilegais pela Suprema Corte dos Estados Unidos.

As condições a que são submetidos os prisioneiros são tão duras que 40 deles tentaram suicídio. Segundo a Anistia Internacional, em setembro passado 14 novos prisioneiros foram transferidos para Guantánamo.

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