Senhores da Guerra

Familiares cobram indenização de empresa de mercenários

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28 de fevereiro de 2007, 0h02

A Suprema Corte dos Estados Unidos rejeitou pedido da maior empresa de fornecimento de mão de obra militar do mundo, a Blackwater para transferir o julgamento de uma ação de indenização da Justiça estadual para a Justiça Federal. A ação é movida por familiares de quatro mercenários contratados pela empresa e mortos no Iraque há quase três anos.

Para os advogados da empresa, só uma corte federal poderia arcar com o peso de julgar assuntos referentes à “miríade de empresas privadas que prestam serviços ao governo dos EUA no Iraque e no Afeganistão”. Pelo menos 800 civis, trabalhando para essas empresas, morreram no Iraque, e mais de 3 mil ficaram feridos. Contratados por empresas particulares que prestam serviços ao governo, eles vão para o Iraque trabalhar como agentes de segurança ou em funções administrativas que tradicionalmente eram feitas por militares.

Em 2004, quatro seguranças da Blackwater foram mortos, queimados e dependurados numa ponte em Fallujah, no Iraque. Scott Helvenston, Jerko Geraldo Zovko, Wesley Batalona e Mike Teague trabalhavam no transporte de provisões e alimentos para uma base militar dos Estados Unidos em FAllujah.

Depois do assassinato dos quatro, seus familiares entraram na Justiça contra a Blackwater. A empresa é acusada de ter negligenciado a segurança de seus funcionários, não lhes fornecendo veículos blindados e armas para que pudessem fazer seu trabalho no Iraque.

Militares profissionais

A Blackwater Consultoria de Segurança foi formada em 2002 e tocada por Jamie Smith, que se tornaria o seu primeiro diretor. Ele acabaria deixando-a em 2002, passando para a SCG International Risk, uma das 60 empresas de segurança privada contratadas pelo governo americano para guardar e vigiar instalações militares, treinar a nova polícia e dar apoio para as forças de ocupação no Iraque.

A empresa se define em seu siteona internet como “ a maior companhia do mundo de militares profissionais, policiais, seguranças, forças de paz e operações de estabilização”. Baseada no estado da Carolina do Norte, engloba cinco facções, na verdade pequenas companhias interconectadas como vasos comunicantes: o Centro de Treinamento, Sistemas de Alvos e Focos, Consultoria de Segurança, Cães Adestrados, Assuntos Aéreos e Assuntos Marítimos.

A sede da empresa é um autêntico quartel de guerra: 24 quilômetros quadrados, esparramados nos condados de Camden e Currituck. Ali se ensina tudo o que há de mais útil na arte da guerra: desde o clássico “mano a mano” e toda a gama de lutas, até como se tornar um franco atirador de elite.

Katrina

A Blackwater USA causou grande polêmica em 2005, quando foi contratado para fazer a segurança na cidade de New Orleans, depois da devastação causada pelo furacão Katrina. A imprensa local denunciou que o governador da Louisiana estaria conferindo poderes legais para os mercenários da Blacwater prender ou usar a força contra saqueadores e estupradores que agiam na cidade.

De fato, homens da Blackwater foram vistos na cidade ostentando lustrosos estrelas douradas, conferidas pelo estado da Louisiana, como se fossem os xerifes mais novos do pedaço. Mercenários que serviram no Iraque, e na Colômbia combatendo os guerrilheiros das Farc-ERP, estavam em New Orleans, devidamente armados e documentados pelo governo estadual. Alguns tinham sido seguranças particulares do embaixador americano em Bagdá após a queda de Saddam Husseim, John Negroponte.

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