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Site do TJ paulista troca dados de ação por resumo de novela

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3 de fevereiro de 2007, 7h14

A bancária Marina Bornholdt Costa, de 22 anos, entrou com uma despretensiosa ação contra a Claro, por causa do celular, e praticamente se viu envolvida numa trama de ameaças, seqüestro e prisão. Segundo o site do Tribunal de Justiça de São Paulo, o andamento do processo no dia 29 era: “Aguardando publicação do despacho de Em O Profeta, Clóvis abre um sorriso e se diz muito feliz com o filho. Quando fica sozinho, esbraveja e faz ameaças a Marcos. Lindomar encontra o colar na bolsa de Joana. Rúbia grita o nome do filho na beira do poço. Marcos desce no poço. Joana não fala nada no seu depoimento e acaba presa. Clóvis leva Sônia e Amadeu à delegacia e diz que eles são testemunhas de que Marcos tentou raptar Analu.”

Sim, o resumo de um capítulo do remake de O Profeta, da TV Globo, foi colado no site do TJ, no lugar das informações corretas sobre o processo. No cartório do Juizado Especial Cível do Fórum do Jabaquara, onde corre a ação, ninguém sabe ninguém viu. Fala-se até em um possível vírus malvado que “troca as coisas que você digita”’. A reportagem é da jornalista Laura Diniz, de O Estado de S. Paulo.

‘Fiquei sem reação quando soube. Me mandaram até mensagem no (site de relacionamentos) Orkut, dizendo que meu processo tinha ido parar em site de piada’, disse Marina ao Estado. “O Judiciário já tem tantos problemas. Acho isso um pouco de falta de respeito.” Ela ainda não sabe se tomará alguma providência a respeito.

A Secretaria de Tecnologia e Informação do Tribunal de Justiça abriu uma sindicância para apurar o fato e a funcionária responsável pela atualização dos dados foi suspensa temporariamente — continua no cartório, mas não pode pôr a mão no computador. Segundo a Assessoria de Imprensa do tribunal, a STI trabalha com duas hipóteses: má-fé ou erro. A segunda é mais provável, na visão da STI, porque a funcionária em questão é servidora há anos e sempre fez um trabalho sério. Ainda de acordo com a assessoria, o TJ não cogita a possibilidade da ação de hackers no caso porque a funcionária estava mexendo no processo.

Em resumo, ela deveria estar trabalhando com pelo menos três telas abertas no computador: uma com as informações do processo, outra do site do tribunal e uma terceira com sinopses dos capítulos das novelas. Em vez de copiar as informações oficiais, repassou o trecho do resumo de O Profeta.

Nesta sexta-feira (2/2) passou a constar no site a versão correta dos últimos trâmites do processo. Mas o resumo da novela continua lá. A assessoria do TJ explicou que apenas a Companhia de Processamento de Dados do Estado de São Paulo (Prodesp), autarquia estadual que cuida do sistema de informática do Tribunal, pode retirar algo do site. Isso, aliás, só deve ocorrer após o final da sindicância.

Na ação, Marina reclamava que, em alguns meses do ano passado, a Claro havia cobrado indevidamente 10% a mais de mensalidade de seu celular. Foi feito um acordo e ela ganhou o direito de ter uma restituição. Segundo ela, o dinheiro ainda não está na conta. E a resposta a isso não está no Profeta.

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