Preso e acorrentado

Em Maceió, preso passa 15 dias acorrentado a corrimão

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29 de dezembro de 2007, 7h27

Um detento de 19 anos suspeito de furtar uma lixadeira e que, segundo a Polícia, é deficiente mental, passou cerca de 15 dias fora da cela, acorrentado ao corrimão de uma delegacia em Maceió (AL). A delegada do 3º Distrito Policial de Maceió, Maria Aparecida Araújo, diz que, se não acorrentasse fora da cela Edvaldo Ferreira, apelidado de “Zoado”, ele seria linchado. “O menino não era bom da cabeça e não gostava de tomar banho. Os outros provocavam. Aí ele começava a gritar”, diz.

Ferreira foi transferido para outra delegacia na quinta-feira (27/12) à noite. Segundo a delegada, a demora ocorreu porque foi difícil encontrar Distrito Policial onde houvesse uma cela só para ele. A reportagem é de Matheus Pichonelli, da Folha de S. Paulo.

Desde agosto, os policiais civis do Estado estão em greve. A crise se agrava com superlotações e constantes rebeliões, o que levou a Justiça a proibir a transferência de presos. No 3º DP, onde estava Ferreira, 15 dividem uma cela. Na falta de espaço, um dos banheiros abriga ao menos quatro à noite.

Segundo a Polícia, o rapaz colecionava brigas com os 15 companheiros de cela porque, para os presos, ele era muito “cagüeta” (delator) e não tomava banho. Dessa forma, quando havia briga, era retirado da cela e acorrentado no corrimão em frente à sala da delegada.

Para a delegada, a transferência do detento para outra delegacia seria mais rápida do que tentar provar a insanidade mental de Ferreira e, assim, conseguir, com autorização da Justiça, vaga no manicômio. A Folha procurou o diretor da Polícia Civil no estado, Carlos Reis, mas não foi atendida. O presidente da secional da OAB no estado, Omar Mello, diz que pediu à Comissão de direitos Humanos da entidade a apuração do caso.

Em dezembro, com a cela da cadeia superlotada, uma mulher e um adolescente de 17 anos foram acorrentados a pilares do lado de fora da delegacia de Palhoça (Grande Florianópolis) e mantidos com outros quatro detentos, também acorrentados, por quase um dia. Manter presos acorrentados era uma situação recorrente na delegacia, segundo a própria responsável pela unidade, a delegada Andréa Pacheco.

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