Consultor Jurídico

Jogador quer R$ 300 mil por ser chamado de gay

16 de agosto de 2007, 21h46

Por Aline Pinheiro

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O jogador são-paulino Richarlyson Felisbino quer receber R$ 300 mil do diretor administrativo do Palmeiras, José Cyrillo Júnior. O palmeirense insinuou que Richarlyson é gay em um programa de televisão. O pedido de indenização por danos morais foi ajuizado na 25ª Vara Cível da Capital de São Paulo.

A polêmica “Richarlyson é gay ou não” começou quando o jornal Agora São Paulo noticiou que um jogador de futebol estava negociando com o Fantástico, programa da TV Globo, para revelar no ar a sua homossexualidade. Em junho, durante o programa Debate Bola, da TV Record, José Cyrillo Júnior foi questionado se o tal jogador homossexual era do Palmeiras. Cyrillo se saiu com essa: “O Richarlyson quase foi do Palmeiras”.

Segundo o advogado do jogador, Renato Salge, o episódio prejudicou a imagem de Richarlyson. “Ele sofreu transtornos com a declaração de Cyrillo, teve de se recolher no CT do São Paulo por causa do assédio, seus vizinhos e familiares foram procurados para dar entrevistas”, conta Salge.

Para o advogado, a intenção de Cyrillo de ofender Richarlyson e prejudicar a sua carreira ficou clara. “Richarlyson tem um contrato até 2008 com o São Paulo. E se o time não quiser renovar depois? E se não for chamado para a seleção brasileira? O técnico Felipe Scolari já disse que não convocaria um homossexual para a seleção.”

Renato Salge afirma que a perseguição do Palmeiras a Richarlyson começou logo que ele saiu do Santo André e, por questões contratuais, não foi para o Palmeiras. Já contratado pelo São Paulo, seu primeiro gol com a camisa do Tricolor foi contra o Palmeiras, conta Salge, ocasião em que Richarlyson fez a polêmica dança de funk. “O boato sobre a sexualidade dele começou aí.”

Perguntado se ser chamado de homossexual ofende a honra, Renato Salge responde: “Ele é um atleta famoso, diferenciado e até um juiz disse que futebol é coisa de homem. Ninguém tem o direito de falar de outro. A discussão não é se ele é gay ou não”. A propósito, em entrevista ao programa Fantástico, da Rede Globo, Richarlyson afirmou: “não, não sou gay”.

Futebol de macho

O juiz que afirmou que futebol é para macho é Manoel Maximiano Junqueira Filho, da 9ª Vara Criminal de São Paulo. Ele analisava queixa-crime de Richarlyson contra Cyrillo. A brincadeira agora pode render uma punição administrativa para Junqueira. Ele já foi afastado do processo e ainda terá de responder a procedimento administrativo no Tribunal de Justiça de São Paulo e no Conselho Nacional de Justiça.

Processo: 583.00.2007.212366-7