Movimento Cansei

Oposição da OAB Rio afirma: “Cansamos do Wadih”

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9 de agosto de 2007, 19h59

Ex-presidentes da OAB do Rio de Janeiro divulgaram manifesto para apoiar o Movimento Cansei. Eles dizem que “cansaram” de Wadih Damous, atual dirigente da OAB fluminense. Para a oposição à atual administração da OAB fluminense, Damous “vive nos anos 70”, “age como se ainda estivesse da ditadura”, “faz proselitismo sobre engodo” e “mente para a classe e para a sociedade”.

O manifesto é assinado pelos advogados Octavio Augusto Brandão Gomes e Oscar Argollo.

O Movimento Cívico pelo Direito dos Brasileiros, vulgo Cansei, foi lançado no dia 27 de julho e tem a assinatura da OAB paulista, mas é articulado pelo apresentador João Dória Júnior, conhecido pelas boas relações com o PIB nacional, Sérgio Gordilho, presidente da agência África, e representantes da Fiesp, poderosa entidade dos barões da indústria paulista. Segundo a entidade, a intenção do grupo é “sensibilizar” os brasileiros a pararem durante um minuto, às 13 horas do dia 17 de agosto, quando o acidente com o avião da TAM completará 30 dias.

No dia 31 de julho, Wadih Damous fez declarações afirmando que “o Cansei é um movimento de fundo golpista, estreito e que só conta com a participação de setores e personalidades das classes sociais mais abastadas do estado de São Paulo”. Ele ainda disse que a OAB do Rio também cobra das autoridades investigações sobre o acidente, “no entanto, não aceita que essa tragédia seja utilizada de forma golpista das classes mais abastardas de São Paulo”.

O presidente da OAB paulista, para se defender deu entrevista coletiva na quinta-feira (2/8) e classificou como grosseira e indelicada a afirmação do dirigente da OAB do Rio. Para D’Urso, a crítica é uma tentativa do grupo fluminense de adiantar o processo interno de eleições da OAB nacional. “Um advogado não deve prejulgar”, disse D’Urso.

Agora, chegou a vez dos ex-presidentes da OAB fluminense rebaterem as afirmações de Damous. “A atitude do inscrito que preside a OAB-RJ demonstra, após oito meses de gestão, seus propósitos político-partidários. Ademais, a desrespeitosa manifestação discrimina os ‘paulistas’ e, pior, procura, de maneira hipócrita e quixotescamente, colocar as ‘classes mais abastadas’ em confronto com as classes desfavorecidas”, diz o manifesto.

Wadih Damous, procurado pela revista Consultor Jurídico, afirmou que não esperava outra coisa da oposição e que não responde “a grosserias de um grupo minoritário que foi derrotado fragorosamente nas últimas eleições e repudiado pelos advogados do Rio de Janeiro”. Um assessor da OAB fluminense estranhou que um dos signatários da carta, que antes telefonara ao dirigente da seccional parabenizando-o pela reação, apareça agora criticando-o.

Leia o manifesto

CANSAMOS do Wadih

O inscrito que dirige os desígnios da OAB-RJ, ao afirmar que o Movimento Cívico pelo Direito dos Brasileiros, denominado Cansei, é “estritamente paulista” (sic) e se encontra organizado “de forma golpista pelas classes mais abastadas” (sic), revela seu total despreparo para o cargo e desapego aos princípios que norteiam a Ordem dos Advogados do Brasil. Na verdade, a indigitada manifestação procura atingir Luiz Flávio Borges D’Urso, Presidente da OAB-SP, por ter se filiado no aludido movimento, que é apartidário.

A atitude do inscrito que preside a OAB-RJ demonstra, após oito meses de gestão, seus propósitos político-partidários. Ademais, a desrespeitosa manifestação discrimina os “paulistas” e, pior, procura, de maneira hipócrita e quixotescamente, colocar as “classes mais abastadas” em confronto com as classes desfavorecidas.

O inscrito que tenta dirigir a OAB-RJ vive nos “anos 70”; age como se ainda estivesse na época da ditadura; faz proselitismo sobre engodo; e mente para a classe e para a sociedade. Trata-se de um oportunista que pretende se fazer conhecido e se projetar no meio político. Tal criatura, sem militância conhecida na advocacia, mas um contumaz panfletante da porta de foro, não deve estar cansado de nada que vem ocorrendo no país, vez que descansa em seu cargo após ter se candidatado inúmeras vezes a OAB-RJ, Instituição que ele jamais conheceu ou freqüentou.

Nós, ex-Presidentes da OAB-RJ e advogados fluminenses, repudiamos o maniqueísmo e a discriminação da referida pessoa, que não deve saber o que vem acontecendo no país, a exemplo de seu líder, a quem devota tamanha admiração e a quem entrega a OAB-RJ para apoiar governos que não conseguem gerir o Estado que está imerso em grave crise moral e administrativa.

A demissão em massa dos membros da Comissão de Direitos Humanos da OAB-RJ, que denunciavam fatos graves ocorridos na cidade do Rio de Janeiro e procuravam providências para fazer estancar a violência, bem demonstra que a gestão do amanuense está vinculada aos governos estadual e federal, apoiando-os firmemente e contrariando um princípio basilar da advocacia e da Ordem dos Advogados do Brasil: a independência.

Portanto, queremos manifestar irrestrito apoio ao Presidente da OAB-SP, Luiz Flávio Borges D’Urso; dizer que também estamos cansados do estado moral em que se encontra o país; repudiar as afirmações e insinuações patrocinadas por um despreparado; e clamar ao povo brasileiro para que se manifeste a respeito da causa, que não tem titulares e está entregue aos cidadãos conscientes, pobres ou ricos, brancos ou negros, enfim, a todos os cidadãos de bem e que esperam uma mudança radical dos comportamentos que não se coadunam com a realidade necessária ao desenvolvimento do Brasil.

Octavio Augusto Brandão Gomes

Oscar Argollo

Notícia alterada nesta segunda-feira (13/8) para correção de informação

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