Não ao Cansei

D’Urso elogia neutralidade da OAB nacional em relação ao Cansei

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6 de agosto de 2007, 19h39

O presidente da seccional paulista da OAB, Luiz Flávio Borges D’Urso, considerou positiva a decisão do Conselho Federal da Ordem, que não apoiou o Movimento Cívico pelo Direito dos Brasileiros, o Cansei. “O Conselho Federal reafirma, dessa forma, a autonomia das seccionais para lançar e para aderir a movimentos no âmbito de seus estados ou permanecerem neutras”, afirma D’Urso, que é um dos líderes do movimento.

Para o advogado paulista, “o próprio presidente do Conselho Federal, Cezar Britto, colocou que a decisão dos conselheiros federais e não fez nenhum juízo de valor sobre o Movimento, considerando-o legítimo e ressaltando que toda a sociedade deve se expressar com independência, porque isso faz parte da democracia”. O advogado lembra que São Paulo defendeu autonomia das seccionais ao orientar o voto neutro de seus três conselheiros.

D’Urso pondera que a única seccional que se posicionou contrária ao Cansei foi a do Rio de Janeiro. “Duas seccionais já aderiram ao Movimento, Distrito Federal e Pernambuco. A seccional do Rio Grande do Sul tem movimento semelhante e já há manifestações das seccionais do Amazonas e Bahia no sentido de realizar movimentos com as mesmas propostas”, destaca o presidente da OAB-SP.

Na manhã desta segunda-feira, os 81 conselheiros se reuniram para debater a questão. Ela foi levada ao Conselho Federal depois de manifesta divergência entre as seccionais paulista e fluminense sobre a adesão ao movimento lançado por empresários e entidades empresariais de São Paulo. O dirigente da OAB do Rio, Wadih Damous, chamou o movimento de “golpismo paulista”.

Semana passada, o presidente da OAB paulista classificou como grosseira e indelicada a afirmação do dirigente da OAB do Rio. Para D’Urso, a crítica é uma tentativa do grupo fluminense de adiantar o processo interno de eleições. “Um advogado não deve prejulgar”, disse D’Urso.

O dirigente paulista reagiu à declaração feita por Damous na terça-feira, segundo a qual “o Cansei é um movimento de fundo golpista, estreito e que só conta com a participação de setores e personalidades das classes sociais mais abastadas do estado de São Paulo”.

Com a decisão desta segunda, o presidente nacional da OAB, Cezar Britto, não participará do ato convocado por dirigentes do movimento no próximo dia 17, quando completa um mês o acidente do vôo da TAM.

Movimento

O movimento tem a assinatura da OAB paulista, mas é articulado pelo empresário e apresentador televisivo João Dória Júnior, conhecido pelas boas relações com a elite do PIB nacional. Também estão à frente do movimento Sérgio Gordilho, presidente da agência de publicidade África e representantes da Fiesp, como Paulo Zottolo, presidente da Philips.

O movimento se diz apartidário, mas o governo arregimentou sua base não partidária para fazer frente a ele. MST, UNE e CUT, que dão apoio incondicional ao governo Lula, já manifestaram sua oposição ao Cansei. A central sindical lançou um contra-movimento: é o “Cansamos”. À exceção dos paulistas, os advogados, por suas representações seccionais, não vão tomar parte no movimento.

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