Pena paulista

TJ-SP reduz pena de um dos maiores seqüestradores do país

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21 de abril de 2007, 0h01

O Tribunal de Justiça de São Paulo reduziu uma das penas de Pedro Ciechanovicz, o Pedrão, conhecido como líder da maior quadrilha de seqüestradores do país. Pedrão havia sido condenado a 18 anos de reclusão pelo seqüestro de Samira Salete Santana Martos e da estudante Vanessa Santana Martos, mulher e filha do empresário e pecuarista Mauro Martos. O seqüestro durou 56 dias e as duas foram libertadas depois do pagamento de resgate no valor de R$ 450 mil.

Pedrão tem várias condenações, que juntas somam cerca de 100 anos de reclusão. Ex-motorista, nascido em Tupã (SP) e criado no Paraná, o réu é acusado de envolvimento em pelo menos 15 seqüestros. Confessou oito, com os quais arrecadou R$ 4,3 milhões.

Entre suas vítimas estão João Bertin, dono de um dos maiores abatedouros do país, Girsz Aronson e outros empresários e industriais paulistas, como Abrahão Zarzur (da Tecelagem Zarzur), Eduardo Tonin (filho do ex-prefeito de Indaiatuba José Carlos Tonin) e José Luiz Lanaro, filho do dono de duas casas lotéricas de Sorocaba, morto pelos seqüestradores, com 14 tiros, em 2001, e Roberto Benito Júnior, o herdeiro das Lojas Cem.

O entendimento do tribunal para aliviar o castigo imposto a Pedro Ciechanovicz foi o de que quando é reconhecida a reincidência para o agravamento da pena não se deve considerar outro fator como, por exemplo, maus antecedentes. A 2ª Câmara Criminal, por maioria de votos, decidiu reduzir a pena em um sexto, baixando de 18 para 14 anos de reclusão. A turma julgadora também admitiu a progressão do regime prisional.

O seqüestro que motivou essa condenação aconteceu em 16 de novembro de 2000, em Presidente Prudente (558 km da capital) e as vítimas foram libertadas na madrugada de 10 de janeiro de 2001, no km 74 da rodovia Castelo Branco, perto de Sorocaba (87 km de São Paulo), 32 horas depois do pagamento do resgate. Elas foram deixadas na estrada com os olhos vendados.

As duas foram seqüestradas quando a mãe levava a filha de carro para a escola. O carro, um Cherokee, foi encontrado em uma praça no Jardim Bongiovani, em Presidente Prudente, com a chave no contato. Durante o período que durou o seqüestro, foram feitos cerca de 15 contatos telefônicos. A pedido da família, por ordem dos seqüestradores, a Polícia se manteve fora das negociações.

O pedido inicial do resgate foi de R$ 3 milhões. Os seqüestradores apresentaram provas à família de que as duas mulheres estavam vivas, inclusive um vídeo. As negociações foram feitas por meio de anúncios publicados no jornal O Estado de S. Paulo.

Pedro Ciechanovicz foi preso em 2003, em Curitiba (PR) com identidade falsa de Manoel Ribeiro da Silva, quando se passava por corretor de imóveis. Sua prisão pôs fim a um dos mais longos seqüestros do país, o do empresário João Bertin, que ficou 156 dias em cativeiro no interior de São Paulo.

De acordo com a Polícia paulista, seu grupo era formado por pelo menos 29 pessoas. A sede da quadrilha funcionava em Suzano, na Grande São Paulo. A quadrilha gastava em cada seqüestro cerca de R$ 150 mil.

Pedrão foi preso pela primeira vez em 1981 e mandado para a Casa de Detenção e para a Penitenciária do Estado. Ficou nesta última até dezembro de 1995, quando foi transferido para o presídio de Mongaguá (litoral paulista). Fugiu em 1996, quando tinha cumprido 15 anos dos 60 a que fora condenado por roubo, tráfico e estelionato.

Na Penitenciária do Estado conviveu com o argentino Humberto Paz, o canadense David Spencer e o cearense Raimundo Costa Freire, seqüestradores do empresário Abílio Diniz, dono do grupo Pão de Açúcar.

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