Resposta oficial

STF repudia informação de que máfia tentou influenciar ministra

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19 de abril de 2007, 18h23

O Supremo Tribunal Federal acaba de divulgar nota à impressa repudiando a informação de que a máfia dos caça-níqueis queria estender sua influência até mesmo à presidente da Corte, ministra Ellen Gracie.

Reportagem do jornal O Estado de S. Paulo informou, na manhã desta quinta-feira (19/4), que os documentos do inquérito da PF incluem indícios de que o advogado Virgílio Medina, irmão do ministro do Superior Tribunal de Justiça, Paulo Medina, teria funcionado como uma espécie de coordenador da tentativa de influenciar as decisões de Ellen Gracie.

De acordo com a reportagem, as conversas telefônicas gravadas pela Polícia Federal, com autorização da Justiça, indicam que decisões de Ellen Gracie à frente do STF acabaram desagradando aos empresários dos bingos e juízes que participavam da máfia. Nas gravações, que integram o inquérito que deu origem à Operação Hurricane, Virgílio e o empresário Jaime Garcia discutiriam uma maneira de se aproximar de Ellen Gracie.

Leia o trecho da conversa:

“Se conversasse com ela (que para a PF seria Ellen Gracie) em relação à competência… ela acata a decisão… isso é questão de competência”, afirma Jaime.

“Ela vai levar…. pra mim… recorrer dessa decisão para ela”, responde Virgílio.

Em seguida, de acordo com a PF, ao ser indagado por Jaime se realmente acha que Ellen poderia intervir, Virgílio Medina diz: “Vai levar a decisão… pagaria a pessoa jurídica, pagamento em conjunto, eu acho que esse não é um valor inviável, agora esse valor, eu acho razoável e eles vão entender, a gente pode explorar, eu acho que… questão, vamos fazer isso, então o valor é …”

Em outro trecho do grampo telefônico, Virgílio diz: “Ela pode reconsiderar. Eu acho que ela vai julgar o agravo e vai dar.” Ainda em outra parte do inquérito de 2.878 páginas há mostras, segundo a PF, da insatisfação do grupo quanto a decisões da ministra. Fica evidente, segundo o relatório, o objetivo da máfia de se concentrar na resolução dos problemas dos bingos e “maquineiros” nos tribunais superiores.

Decisões negativas

Ao longo da investigação, fica claro que as ações da ministra não atendem aos interesses dos bingos. Nas conversas telefônicas grampeadas, integrantes da máfia xingam a ministra.

Em um trecho, um homem identificado como o advogado Sérgio Luzio reclama de uma decisão da ministra contrária ao grupo. “A F.D.P. da Ellen Gracie cassou a decisão das nove empresas”, diz.

Leia a nota do Supremo

O Supremo Tribunal Federal repudia as inferências de que possa ter havido tentativa de influenciar decisões dos ministros desta Corte. O Tribunal já determinou a abertura de inquérito para apurar a responsabilidade pela quebra do segredo de justiça, fato grave, intolerável e criminoso.

Brasília, 19 de abril de 2007.

Secretaria de Comunicação Social do Supremo Tribunal Federal

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