Furação no polícia

Para PF, agentes da corporação estão envolvidos com caça-níqueis

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14 de abril de 2007, 18h39

A Polícia Federal está investigando a participação de outros agentes da corporação no esquema ligado ao jogo ilegal (caça-níqueis) no Rio de Janeiro, informa o repórter Marcelo Auler, de O Estado de S. Paulo.

Um dos suspeitos é o delegado federal aposentado Oscar Camargo Costa Filho, que já ocupou a Secretaria de Segurança Pública do Espírito Santo e hoje é advogado em São Paulo.

O grupo teria relações com os 25 presos na Operação Hurricane, iniciada nesta sexta-feira (13/4). Desses, dois policiais da ativa e um aposentado foram detidos .

As gravações da PF mostram Costa Filho intermediando conversas entre representantes de bingos e policiais federais. O escritório e a residência do suspeito foram alvo de uma operação de busca e apreensão.

A Diretoria de Inteligência Policial, que investiga policiais suspeitos de corrupção, sabe do envolvimento de agentes com os bingos e com os desembargadores José Eduardo Carreira Alvim e José Ricardo Siqueira Regueira.

Há inclusive histórico de monitoramento dos dois em encontro com policiais. Uma das ações flagrou uma conversa no restaurante Garden, em Ipanema, com agentes e delegados da PF.

Em operação coordenada pelo subsecretário de segurança do Rio, Márcio Derene, então ocupando o posto de delegado da PF, policiais à paisana acompanharam Regueira até o restaurante Antiquarius, no Leblon. O desembargador descobriu a presença dos policias e registrou ocorrência alegando que tinha direito a foro especial e, por isso, não poderia estar sendo seguido pelos agentes sem autorização. A operação, porém, havia sido autorizada pelo Superior Tribunal de Justiça.

Outra prova de que a ligação dos desembargadores era íntima é o fato de Carreira Alvim ter descoberto que seu gabinete, no prédio do Tribunal Regional Federal, estava com escutas. Segundo queixa feita pelo desembargador, ele foi alertado “por amigos” de que estaria sendo monitorado e contratou especialistas para rastrear a sala e seus telefones. Carreira Alvim fotografou os grampos e disse que sua instalação era motivada pela briga que havia pela eleição do TRF.

Conforme publicou ontem a Consultor Jurídico, na sessão administrativa que elegeu a nova direção do TRF-2, em 1° de março, Carreira Alvim havia afirmado ter sido vítima de escuta ambiental em seu gabinete e que seus familiares haviam sido grampeados (Clique aqui para ler a notícia). As acusações foram feitas depois que ele foi preterido pelos colegas na eleição para a presidência do TRF-2.

O clima entre o desembargador e seus colegas era de estranhamento. O então presidente do tribunal Frederico Gueiros, sabia da investigação a mando do STJ. Quando Carreira Alvim descobriu o monitoramento, a Polícia Federal considerou encerradas as investigações, o que apressou a ação de sexta-feira, que culminou com a prisão de 25 pessoas.

Os grampos feitos contra policiais, advogados e juízes captaram outros esquemas de corrupção, inclusive envolvendo outros membros do Judiciário. Novas investigações devem ser iniciadas para comprovar as suspeitas, desta vez sem necessidade de autorização do STJ, uma vez que os envolvidos não estariam sujeitos a foro especial.

Inquérito 2.424/06

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