Grana do dossiê

TSE rejeita pedido do PT para proibir fotos do dinheiro do dossiê

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29 de setembro de 2006, 17h54

O corregedor-geral substituto do Tribunal Superior Eleitoral, ministro José Delgado, negou, nesta sexta-feira (29/9), pedido do presidente do PT, Ricardo Berzoini, para que o portal do jornal O Estado de S. Paulo parasse de divulgar as fotos do dinheiro apreendido pela Polícia Federal para compra de dossiê contra candidatos tucanos.

O ministro entendeu que as fotos divulgadas pela agência de notícias não integra a investigação sobre o caso em curso no TSE, que está sob segredo de justiça. No início desta tarde não só a Agência Estado, como outros veículos de comunicação, divulgaram as fotos na internet.

Segundo o ministro José Delgado, as fotos divulgadas estão no curso de investigações procedidas pela Polícia Federal e, portanto, não integram ainda os procedimentos do TSE na investigação do caso. De acordo com Delgado não há comprovação de que o segredo de justiça concedido pelo TSE tenha se expandido “a qualquer outro feito judicial ou de natureza investigatória em curso na Polícia Federal”.

Para Berzoini, as fotos fazem parte de um inquérito que corre sob segredo de Justiça. Marco Aurélio Garcia, coordenador da campanha de Lula à presidência, sustenta que a divulgação das fotos deve ser proibida por que visa a prejudicar a candidatura do presidente.

As fotos do dinheiro apreendido com os petistas Gedimar Pereira Passos e Valdebran Padilha foram divulgadas pela imprensa nesta sexta-feira (29/9). As notas, equivalentes a R$ 1,75 milhão (US$ 248,8 mil e R$ 1,168 milhão), foram apreendidas no hotel Íbis, em São Paulo, no dia 15 de setembro.

Segundo O Estado, as fotos foram entregues ao jornal por uma fonte no momento em que Hamilton Lacerda, ex-coordenador da campanha de Aloizio Mercadante ao governo de São Paulo, depunha na sede da Polícia Federa. Lacerda foi apontado pela PF como o homem que levou ao hotel o dinheiro que seria usado para a compra

A assessoria de imprensa da Polícia Federal confirmou que as fotos divulgadas são mesmo do dinheiro apreendido com os petistas, mas não soube dizer quando e como ocorreu o vazamento das imagens, que fazem parte de inquérito que corre sob segredo de justiça. Segundo a PF, já foi aberta sindicância para apurar o fato.

Nas imagens publicadas, a data das etiquetas que separam os maços de notas é do dia 28 de setembro, quinta-feira. A Polícia explicou que essas fotos não foram tiradas na sede da PF, e sim na caixa-forte da Caixa Econômica Federal onde o dinheiro foi contado e está guardado. O dinheiro foi apreendido no dia 15 de setembro.

Depoimento

Nesta sexta, Hamilton Lacerda depôs durante cerca de cinco horas e saiu da sede da PF sem ter sido indiciado. Seu advogado, Alberto Zacharias Toron, relatou à Consultor Jurídico que Lacerda “respondeu todas as perguntas, recebeu tratamento respeitoso e negou que tenha tido qualquer participação nos episódios questionados e com o dinheiro apreendido”.

Hamilton Lacerda teria confirmado à polícia que esteve realmente no Hotel Íbis ao encontro do ex-policial Gedimar Pereira Passos e do empresário Valdebran Padilha, os supostos intermediários do PT na compra do dossiê dos sanguessugas. Mas negou que tenha levado dinheiro. Segundo ele, a pasta que carregava na ocasião continha apenas material de campanha.

Dossiê PT-sanguessugas

O depoimento de Lacerda faz parte das investigações da PF para saber de onde veio o dinheiro usado na compra do dossiê PT-sanguessugas. O documento, divulgado pela revista IstoÉ, trazia informações reunidas pelo empresário Luiz Antônio Vedoin, apontado como chefe da máfia das sanguessugas que comprometeriam o candidato tucano ao governo de São Paulo, José Serra, de participar do esquema.

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