Crime em SP

Morre em São Paulo coronel que comandou chacina do Carandiru

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11 de setembro de 2006, 9h32

O coronel da Polícia Militar Ubiratan Guimarães, deputado estadual pelo PTB, foi morto com um tiro em seu apartamento, no bairro dos Jardins, em São Paulo. O crime ocorreu quando ele estava sozinho em casa. Segundo o delegado-geral Marco Antônio Desgualdo, ainda não se sabe quem atirou no coronel. “As primeiras pistas não indicam envolvimento do PCC [facção criminosa Primeiro Comando da Capital]. A porta de trás do apartamento estava aberta”, disse.

Assessores do deputado, que concorria à reeleição, apontam a possibilidade de uma execução por criminosos. “Eles conseguiram”, disseram.

No sábado à noite, o deputado foi deixado em casa pelo motorista. O coronel não tinha agenda de campanha no domingo, mas os assessores estranharam a falta de contato, já que ele costumava telefonar mesmo nos dias em que não tinha compromisso. A informação é do jornal O Estado de S. Paulo.

Segundo pessoas próximas ao deputado, a última pessoa que esteve com ele foi a namorada. No fim da tarde, quando dois assessores chegaram ao apartamento de Ubiratan, encontraram o deputado caído, aparentemente com um tiro na barriga. No início da noite, o corpo apresentava rigidez cadavérica, o que indicava que a morte pode ter ocorrido havia pelo menos 12 horas. A perícia no corpo do deputado começou a ser feita por volta da meia-noite.

Em 2001, ele foi condenado a 632 anos de prisão por ter comandado a chacina do Carandiru, onde morreram 111 presos. Em 15 de fevereiro deste ano, conseguiu absolvição no Órgão Especial do Tribunal de Justiça de São Paulo. A alegação principal foi a de que houve erro no voto dos jurados.

Ubiratan Guimarães estava em seu segundo mandato. Ele foi eleito com 56 mil votos e sua volta à Assembléia Legislativa já era dada como certa, principalmente depois da onda de ataques da facção criminosa PCC.

Em maio deste ano, primeira onda de atentados em São Paulo, Ubiratan disse à revista Consultor Jurídico que os ataques eram terroristas, “iguaizinhos aos ataques de Carlos Lamarca, de Marighella. Só me lembro de bombeiro ter sido atacado quando da guerrilha urbana, em 1969, quando atacaram o Cebe dos Bombeiros em Barro Branco, na Zona Norte de São Paulo, quando vitimaram um bombeiro. Nossas autoridades afrouxaram a disciplina, deram benesses”.

Guimarães apontou o que chamava de benesses. “Sabia que mês passado esses presos falaram que estavam achando o uniforme amarelo feio e pediram para trocar pelo azul? Sabia que a secretaria de administração penitenciária atendeu a pedidos de presos e vai dar, para verem a Copa da Alemanha, 30 tevês de tela plana? Bandido só se recolhe quando vê força maior do que a dele. Todo mundo quer ir pro céu, mas ninguém quer morrer. Eles só vão parar quando um tombar, meu caro. A tropa da PM deveria estar toda na rua, não apenas defendendo suas bases. São Paulo tem ótimos policiais, bom treinamento, mas precisa de determinação. Vencemos a Revolução de 1932, não? Com bandido tem de jogar truco: mostrar força, se não eles pagam para ver. Estão pagando, aliás”.

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