Triste partida

Jornalismo brasileiro perde o repórter Thélio de Magalhães

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7 de setembro de 2006, 21h02

Morreu por volta das 17h desta quinta-feira (7/9), aos 70 anos de idade, o jornalista Thélio de Magalhães — um dos mais experientes e qualificados profissionais da imprensa jurídica do país. Thélio foi vencido por um câncer que o torturava há 1 ano.

Seu corpo está sendo velado no Hospital Beneficência Portuguesa (rua Maestro Cardim, 769, bairro do Paraiso). O enterro será nesta sexta-feira, no cemitério São Paulo, na capital paulista, às 12h — Rua Cardeal Arco Verde, 1.217.

Thélio pavimentou sua carreira de quase cinqüenta anos no jornalismo com uma característica especial da sua biografia: sobriedade e discrição. Escolheu para si o papel de relatar fielmente os fatos do dia-a-dia forense, da advocacia e assuntos da área sem ceder à tentação de entronizar os temas clamorosos que nem sempre têm real importância na vida da comunidade.

Nos últimos anos, atuou como repórter do jornal O Estado de S. Paulo, da TV Globo e da rádio Jovem Pan. Antes, trabalhou também nos jornais Última Hora, Diário Popular e Folha da Manhã.

Segundo o secretário de Negócios Jurídicos do município de São Paulo, Luiz Antonio Guimarães Marrey, ex-procurador-geral de Justiça do estado, Thélio “marcou época como poucos”, praticando um “jornalismo sério, competente, sempre fiel aos fatos”.

Para o presidente da OAB paulista, Luiz Flávio Borges D’Urso, a atuação do repórter “é um referencial para aqueles que querem trabalhar com informação na área jurídica”. Não por acaso, destaca o advogado, Thélio, como nenhum outro jornalista, “podia transitar livremente pelo Judiciário, pela magistratura e entre os advogados, graças ao respeito que conquistou”.

Outra liderança da advocacia, o ex-presidente da OAB-SP Antônio Cláudio Mariz de Oliveira fala da admiração que acumulou em 35 anos de relacionamento profissional com o repórter. “Sempre o reputei um dos mais competentes e éticos jornalistas forenses”. O criminalista reafirma um elogiável lugar-comum, quando se trata de jornalistas de forma geral: “Jamais uma declaração minha foi deturpada ou mesmo cortada por ele, que sempre reproduziu de forma absolutamente fiel o que ouvia. Tanto o jornalismo como o Fórum de São Paulo estão mais pobres sem ele.”

Leia alguns depoimentos sobre Thélio

Milton Rondas, jornalista e advogado, diretor do Jornal Tribuna do Direito, um dos pioneiros do jornalismo jurídico nacional:

“É duro falar sobre o Thélio. Era um grande amigo, um jornalista daqueles que não se acha mais. Nos velhos tempos, saía a qualquer instante com sua moto, quando era acionado, e trazia notícias 100% apuradas para o Estadão, Jovem Pan e Globo. Nos últimos tempos, apesar das dificuldades para enxergar, continuava a passar boletins para a Jovem Pan. Escrevia com letras enormes no papel para conseguir ler. Mas não parou. Tinha verdadeiro tesão pelo que fazia. E por ser quem é teve o apoio das três empresas para as quais trabalhava (Estadão, JP e Globo) até o fim”.

Arnaldo Malheiros Filho, advogado:

A perda do querido Thélio Magalhães é irreparável para a vida forense paulistana. Profissional de dignidade irreparável, só transmitia informações absolutamente precisas e confirmadas, que obtinha porque, graças a seu perfil, gozava de absoluta confiança de advogados, juízes, promotores e serventuários. Contemporâneo de pioneiros gigantes do jornalismo jurídico, como Milton Rondas e Fausto Macedo, Thélio tinha em comum com eles a firmeza de caráter, o rigor da palavra empenhada e a vivência do alterum non laedere, ou seja, de exercer sua profissão sem fazer mal aos outros. Era firme e obstinado ao enfrentar as adversidades. O melhor exemplo disso é que, apesar de gago, conseguia falar Jovem Pan, transmitindo notícias com perfeição. E essa mesma firmeza e obstinação ele empregava na procura da notícia correta, da boa informação.

Perdemos um grande profissional, perdi um amigo leal, mas, acima de tudo, foi-se um homem de bem.

Luiz Antonio Guimarães Marrey, secretário de Negócios Jurídicos do município de São Paulo, ex-procurador-geral de Justiça do estado:

“Convivi com Thélio muitos anos, ele cobria justiça em seu cotidiano, ia muito ao 1 tribunal do Júri, onde eu era promotor. Fazia jornalismo sério, competente, sempre fiel aos fatos em suas notícias, marcou época como poucos fizeram, grande perda para o jornalismo brasileiro, gostaria que outros se inspirassem nele e seguissem seus passos, o Brasil precisa de outros Thélios na justiça.”

Ari Schneider, editor do Jornal O Estado de S.Paulo:

“Nas várias redações onde tive a oportunidade de cruzar com Thélio de Magalhães, só encontrei motivos para admirar sua competência, seriedade e dignidade profissional. Na fronteira jornalística que escolheu para sua militância, ninguém foi mais valoroso que ele”.

Luiz Flávio Borges D’Urso, presidente da OAB paulista:

“Eu conheci o Thélio primeiro pelos seus textos quando eu era estudante, há muitos anos atrás. Ele fazia coluna forense no jornal do Estado de S.Paulo. Ele sempre escreveu de forma muito direta e própria para o público em geral abordando assuntos profundos de Direito. Depois que eu me formei ele me entrevistou muitas vezes. Ele é um referencial para aqueles que querem trabalhar com informação na área jurídica. Thélio podia transitar livremente pelo Judiciário, pela magistratura e entre os advogados, graças ao respeito que conquistou”.

Antônio Cláudio Mariz de Oliveira, advogado criminalista, ex-presidente da OAB-SP:

“Eu conheço o Thélio há 35 anos e sempre o reputei como um dos mais competentes e éticos jornalistas forenses. Jamais uma declaração minha foi deturpada ou mesmo cortada por ele, que sempre reproduziu de forma absolutamente fiel o que ouvia. Tanto o jornalismo como o Fórum de São Paulo estão mais pobres com o falecimento do Thélio.”

José Roberto Batochio, advogado criminalista, ex-presidente da OAB paulista e Nacional e ex-deputado-federal:

“Mais que uma pena e uma voz que informavam, silenciou-se – para consternação

de todos – a imparcial e verdadeira tribuna da vida forense. Tristeza!”

Carlos Miguel Aidar, advogado, ex-presidente da OAB-SP:

“Convivi com Thélio durante muitos anos. Acostumei com sua presença nos corredores do Tribunal de Justiça sempre atento aos julgamentos de maior repercussão. No episódio Parmalat, por exemplo, Thélio cercava a matéria, colhia a informação e a divulgava com precisão impar. Perde o jornalismo jurídico um de seus ícones.”

Segurado Braz, desembargador do TJ-SP:

“Como homem, jornalista e amigo sempre mereceu nossa admiração. Thélio sempre teve acolhida especial na Terceira Câmara Criminal do TJ-SP,onde acompanhou memoráveis casos, dentre eles o da Favela Naval, caso Celso Daniel e outros que relatamos com a fiel cobertura desse grande jornalista.”

Antonio Ruiz Filho, presidente da Aasp:

“Ao longo de mais de 20 anos, tive o privilégio de acompanhar de perto a atuação de Thélio de Magalhães. Entre os mais destacados jornalistas forenses, Thélio foi figura da maior importância para o esclarecimento dos fatos jurídicos ao público em geral. Destacou-se na cobertura de causas criminais, merecendo sempre o respeito dos advogados que militam nessa área. Pode-se dizer que foi um amigo da advocacia. Mesmo ao cobrir crimes de grande repercussão ateve-se à informação, jamais dobrando-se ao sensacionalismo. Exemplo de jornalista sério e competente.”

Márcio Kayatt, secretário-geral da Aasp:

“Nutria pelo Thélio primeiro uma relação de afeto, até porque ele teve uma passagem como assessor de imprensa da Aasp. Foi uma figura ímpar no jornalismo jurídico. Tinha uma particularidade: uma certa dificuldade na hora de entrevistar seu interlocutor, mas uma magia tomava conta quando ele ia ao ar pela Jovem Pan e ele transmitia o melhor boletim da rádio. Uma grande perda para o jornalismo. Da mesma forma que a Jovem Pan criou o Instituto Narciso Vernizzi, deverá criar o Instituto Thélio de Magalhães. Ouvintes da Jovem Pan, como eu, sempre paravam para prestar mais atenção quando o Narciso falava do tempo e o Thélio da Justiça”.

Paulo Esteves, advogado criminalista:

“Thélio será lembrado com saudades. Era uma referência no jornalismo jurídico. Percorria diariamente fóruns e tribunais para retratar com propriedade os assuntos do Judiciário. Perde o jornalismo, perde o Judiciário e perde a sociedade”.

José de Sá, Professor Doutor da Escola de Jornalismo da Universidade Metodista, ex-assessor de imprensa do Ministério Público paulista e assessor do Idec (Instituto de Defesa do Consumidor):

“O jornalismo perde um grande símbolo. Thélio, durante décadas superou todas as dificuldades e adversidades para se tornar uma referência sem par na área da Justiça — muitíssimo, admirado por promotores juizes e advogados.”

Sarah Bottos, advogada paulista:

“Indiscutivel é a importância de Thelio de Magalhães, alguém que nos brindou pelo simples fato de sua existência. Homem de notável saber, que construiu sua vida sob a égide da justiça e da dignidade.”

Luís da Velosa, bacharel:

“É indizível a desolação que invade o nosso estado d´alma, ao tomarmos conhecimento da morte do notável e generoso jornalista Thélio de Magalhães”.

Kenarik Boujikian Felippe, juíza da 16ª Vara Criminal – fundadora e secretária da Associação Juizes para a Democracia:

Poucos jornalistas conhecem tão bem os meandros da Justiça Paulista e do Sistema de Justiça, como Thélio Magalhães, que exerceu o jornalismo com a perspectiva real do direito de informação social. Dedicou-se em levar a significação do Poder Judiciário, preocupado com suas mazelas e seu aprimoramento. A contribuição dele foi inestimável e deixará saudades.

Helio Contreiras, jornalista, editor-responsável da Scenariosbrasil:

“Thélio Magalhães honrou a imprensa brasileira, e teve um papel

relevante como jornalista especializado na Justiça. Íntegro, profissional,

atuante, ele ajudou a imprensa a conhecer melhor o papel da Justiça, tendo

acesso aos mais respeitados magistrados do´país. É uma perda lamentável,

como pessoa e como profissional.”

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