Dia do juízo

Acusado de matar 42 meninos começa a ser julgado no Maranhão

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23 de outubro de 2006, 13h21

Começou nesta segunda-feira (23/10) o júri do mecânico Francisco das Chagas Rodrigues de Brito, de 41 anos, em São José de Ribamar, no Maranhão. Chagas será julgado pelo homicídio de Jonnathan Silva Vieira, de 15 anos, em 6 de dezembro de 2003. A acusação é de homicídio duplamente qualificado, por motivo torpe (morte relacionada a interesse sexual) e meio cruel (pedradas).

Cerca de 500 pessoas, entre representantes de movimentos populares, jornalistas, estudantes de Direito, alem da população em geral acompanham o depoimento do mecânico. O julgamento prossegue durante a tarde de hoje e deve durar dois dias.

Este foi o último dos 42 assassinatos do homicida, 12 deles ocorridos no Pará. apontado por autoridades e especialistas como o maior serial killer brasileiro. Os processos referentes aos outros crimes ainda tramitam na Justiça. A informação é do jornal O Estado de S. Paulo.

O juiz Marcio Brandão, da 1ª Vara de São José de Ribamar, acredita que o julgamento dure, no mínimo, dois dias. Os promotores Samaroni de Sousa Maia e Carlos Henrique Brasil Teles de Menezes, de São José de Ribamar, e Emmanuel Guterres, coordenador do Grupo do Júri do Ministério Público do Maranhão atuam no julgamento. Como o fórum da cidade é pequeno, o júri será feito no auditório do Sesi.

Chagas teria assassinado e abusado sexualmente do menor, no dia 6 de dezembro de 2003, no Jardim Tropical, em São Luís.

A posição de Chagas frente às acusações mudou algumas vezes desde que foi preso, pouco após a morte de Jonnathan. Primeiro, negou tudo. Depois, confessou ter matado 30 meninos no Maranhão e 12 no Pará. Para a polícia, chegou a apontar o local onde deixou as vítimas.

Recentemente, ele disse ao advogado, Erivelton Lago, que “tem muita criação em cima disso”. Como exemplo das “invencionices”, Lago afirma que há gente condenada por homicídios atribuídos a seu cliente. Em depoimento à Justiça, revelou também ter sofrido abuso sexual quando tinha 6 anos de idade.

O advogado não definiu a estratégia de defesa. “Vou depender do depoimento dele”. Na quarta-feira, ele repetiu para Lago a versão de que Jonnathan subiu numa árvore para pegar açaí, caiu e morreu. “Se a versão for essa, para o Ministério Público, será uma confissão. Para a defesa, início de confissão. Não terei como dizer que ele estava fora da cena do crime”. Lago não descarta a tese da inimputabilidade, ou seja, de que Chagas não tem consciência de seus atos.

A psicóloga forense Maria Adelaide de Freitas Caíres, que fez um dos laudos sobre a personalidade de Chagas anexado ao processo, é taxativa: ele tem um transtorno anti-social de personalidade, novo nome da psicopatia. Segundo ela, a doença não tem cura porque o “estrago é muito profundo”. Maria Adelaide tem certeza de que, se voltar às ruas, Chagas matará novamente. Para a psicóloga e para o promotor, o acusado é semi-imputável. “Ele sabe que o que fez foi errado, porque fez escondido, mas tem uma perturbação que o impede de evitar”, disse Maia.

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