Segurança digital

Nos EUA, escritórios usam programas para apagar pistas eletrônicas

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15 de outubro de 2006, 6h01

Cada vez mais escritórios de advocacia dos Estados Unidos têm sido acossados pela espionagem qualificada. “Muitos agora estão descobrindo que informações confidencias simplesmente desapareceram no éter. Por isso, cada vez mais se criam programas para reduzir as chances de vazamentos de informações ou simplesmente para apagar trilhas de endereços eletrônicos visitados”, diz Kevin Fayle, colunista do site FindLaw.

Apagar pistas eletrônicas é agora uma febre no mundo da comunicação corporativa voltada ao Direito, nos Estados Unidos. Isso porque quem conseguir seguir as pegadas eletrônicas dos sites e bancos de dados visitados por determinados escritórios, vai ter um perfil completo dos advogados.

Segundo o colunista Kevin Fayle, tais procedimentos estão sendo muito procurados nos Estados Unidos porque advogados e cliente estão se comunicando e deliberando assuntos por meio do electronic discovery, que pode ser traduzido como inventário eletrônico. Essa é uma tendência que começa a despontar nos escritórios de advocacia americanos.

Juízes e partes de um processo poderão, a partir de dezembro deste ano, fazer manifestações pela internet. As emendas apresentadas ao Federal Rules of Civil Procedure, que é o regimento americano de processos cíveis, começam a valer a partir de 1º de dezembro de 2006 e prometem causar uma revolução no Direito.

As manifestações por meio eletrônico devem ser feitas pelas partes dentro de 120 dias após o início das ações. “Isso vai baratear muito o preço das litigâncias”, avalia Eric Sinrod, do escritório Duanne Morris, de São Francisco.

Agora, as partes já devem se preparar para discutir eletronicamente o caso judicial. Pelo menos 21 dias antes de marcar a primeira maratona eletrônica de manifestações, as partes litigantes devem se encontrar e decidir sobre os procedimentos a serem adotados nessas audiências por imagem ou e-mail.

As partes podem demandar informação eletrônica que vão desde documentos de word, e-mails, e-mails com voz, mensagens instantâneas, blogs e arquivos de bases de dados.

Também poderão classificar o material como “segredo de Justiça”, de modo que só os interessados diretamente no caso tenham acesso aos dados. Pelas regras, cabe ao juiz decidir sobre sanções impostas às partes caso se percam dados eletrônicos e evidências importantes.

O colunista Kevin Fayle elenca as mais utilizadas tecnologias de defesa da privacidade em escritórios de advocacia dos EUA.

Browzar

Para aumentar a privacidade, a maioria dos browsers tem opções de apagar o histórico dos sites visitados e eliminar a memória em cache, que acumula arquivos durante uma sessão de navegação. Tais opções têm de ser programadas pelo usuário. O Browzar faz com que rastros ou históricos não fiquem armazenados, não guarda arquivos temporários ou cookies e elimina o dispositivo de “auto-completar”, que pode revelar os sites visitados pelo usuário. O Browzar não precisa ser instalado e pode ser baixado pela internet quando for necessário, o que o torna ideal para redes compartilhadas. O site é www.browsar.com.

Torpark

Mesmo com o uso do Browzar, que elimina as informações e pistas que indicam os hábitos mais freqüentes da memória do computador, o servidor a que o usuário se conecta terá registros dos locais visitados. O Torpark elimina esses rastros e ainda emprega uma tecnologia que torna extremamente difícil seguir os passos dos usuários.

O Torpark emprega a tecnologia Tor para permitir que o usuário navegue através de um browsing anônimo. Essencialmente, o Tor usa rotas proxy que tornam o IP (protocolo de endereço do usuário) totalmente mascarado.

Cada computador conectado à internet trás o seu endereço de IP assinalado, de forma que possam ser trocadas informações entre a máquina e os sites visitados. Empregando rotas em proxy, o sistema Tor não deixa que se identifique o usuário. O programa pode ser baixado através do site www.torrify.com.

Vaporstream

Os e-mails circulam com a identificação do IP de quem o mandou. Isso fez com que o deputado republicano Mark Foley, dos Estados Unidos, recentemente renunciasse do cargo. Ele enviava e-mails com mensagens de conteúdo sexual a menores de idade e, através do IP de identificação do seu computador, foi identificado.

O Vaporstream simplesmente destrói o e-mail e seu conteúdo tão logo eles sejam abertos e lidos. Ou seja: uma vez lida, a mensagem desaparece. O programa pode ser acessado pelo site www.vaporstream.com.

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