Valdebran confirma: Vedoin vendeu dossiê direto ao PT

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13 de outubro de 2006, 22h28

Quem contratou o empresário Valdebran Carlos Padilha para vender ao PT o dossiê que comprometeria José Serra com o esquema dos sanguessugas foi o próprio Luiz Antonio Vedoin. A informação consta da defesa que o empresário apresentou ao Tribunal Superior Eleitoral, nesta sexta-feira (13/10).

Segundo Valdebran, Vedoin negociou a venda com exclusividade dos documentos diretamente com membros do partido. Em seu depoimento ele revela apenas os nomes dos petistas Expedito Velloso, ex-diretor do Banco do Brasil, o ex-sindicalista Oswaldo Bargas e de “Jorge”, que seria Jorge Lorenzetti, amigo e churrasqueiro do presidente Luiz Inácio lula da Silva.

No último dia 19 de setembro, o corregedor-geral eleitoral, ministro Cesar Asfor Rocha, determinou a abertura de Investigação Judicial Eleitoral contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o ministro da Justiça Márcio Thomaz Bastos e mais quatro acusados de montar e negociar o dossiê.

Valdebran Padilha foi preso em flagrante pela Polícia Federal no dia 15 de setembro, na companhia do advogado e ex-agente da Polícia Federal Gedimar Pereira Passos, na posse de US$ 248,8 mil e R$ 1,168 milhão, destinados ao pagamento de filme e fotos que comprovariam o envolvimento de José Serra, então candidato ao governo de São Paulo, com a máfia das sanguessugas.

Em sua defesa, Valdebran argumenta que sua tarefa era apenas a de “acompanhar a entrega de documentos e certificar-se da existência do dinheiro” para pagamento do material.

Salienta que embora filiado ao PT, nunca participou da campanha federal; não conhecia anteriormente as lideranças do partido; não tem conhecimento acerca da origem do dinheiro apreendido, não sabendo dizer se de origem lícita ou ilícita; e que não seria pago, nem beneficiado pela participação na operação.

Segundo ele, Luiz Antônio Vedoin e Darci Vedoin, teriam negociado com membros do Partido dos Trabalhadores (PT) a exclusividade de veiculação de imagens e documentos em que o então candidato José Serra, quando era ministro da Saúde, aparecia entregando ambulâncias em festejos no estado do Mato Grosso na presença de políticos envolvidos no escândalo das sanguessugas. Os Vedoin, filho e pai, são os donos da Planam, empresa que vendia empresas superfaturadas ao setor público e subornavam deputados para obter a liberação de emendas orçamentárias.

Ele revela que “foi procurado por Luiz Antônio Vedoin, que o informou que pessoas ligadas ao PT o procurariam para tratar de ajuda econômica e jurídica a serem prestadas à família Vedoin, que enfrentava dificuldades financeiras ante o bloqueio dos bens da Planam.

Narra que no início dos contatos, a primeira premissa era a de que todo e qualquer documento apresentado ao PT deveria ser “primeiramente protocolado na Justiça Federal”, sob pena de revogação do benefício de delação premiada de Luiz Antônio Vedoin.

Afirma que o valor combinado – R$ 2 milhões – seriam entregues pelos interlocutores do PT a uma terceira pessoa indicada pelos Vedoin. A ele caberia somente verificar se Gedimar Pereira Passos “teria o numerário que havia combinado com os Vedoin para receber o material privilegiado”.

Relata que, com o fim de apenas acompanhar a negociação, chegou a participar de reuniões, em Cuiabá e em Brasília, com Gedimar Pereira Passos, Expedito Afonso Veloso e Darci Vedoin.

Nesta passagem da defesa, afirma que não conhecia Expedito Veloso, nem Gedimar Passos. “Para Valdebran, Expedito era um membro do Partido dos Trabalhadores com a mesma expressão que a sua, isto é, ‘modesta’”, narra a defesa.

No dia 12 de setembro, em Cuiabá, recebeu ligação telefônica informando que Expedito Veloso se encontrava na cidade com Osvaldo Bargas, para reunião com os Vedoin, a fim de examinarem o material.

Já em São Paulo, ao encontrar Gedimar, Valdebran relata que este teria lhe informado “que ainda não portava qualquer numerário”. Assim, relata que “no dia seguinte foi colocado em contato telefônico com a pessoa de “Jorge”, que o incentivou a permanecer mais um dia na capital paulista, pois o numerário estava a caminho, convencendo-o a ficar na posse de R$ 1 milhão que já haviam sido entregues a Gedimar, como garantia de que tudo iria acontecer rapidamente”. Após telefonema dos Vedoin, foi-lhe pedido que esperasse no hotel até o dia seguinte, quando acabou por ser preso no Hotel Íbis. “Jorge” seria Jorge Lorenzetti, o churrasqueiro e amigo do presidente e o cérebro da operação.

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