Dossiê PT-sanguessugas

Freud Godoy diz que houve quebra ilegal de seu sigilo bancário

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11 de outubro de 2006, 16h11

Freud Godoy, ex-assessor especial do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, afirma que o sigilo bancário de sua conta corrente ou da conta da empresa Caso Sistemas de Segurança, de propriedade de sua mulher, Simone Messeguer Pereira Godoy, foi quebrado ilegalmente. Freud chegou a ser apontado como mandante da compra do dossiê que envolveria políticos tucanos com a Máfia dos Sanguessugas. Mas depois a Polícia Federal afirmou que não encontrou indícios de seu envolvimento com o caso.

Em nota, Freud contesta a informação de que recebeu R$ 396 mil do investidor Naji Nahas cinco dias antes da prisão dos R$ 1,7 milhão com os petistas Gedimar Passos e Valdebran Padilha, que o acusou de participação na compra dos documentos. A informação foi publicada na edição desta quarta-feira (11/10) de O Estado de S. Paulo.

“Houve quebra ilegal do sigilo bancário. Não há qualquer decisão judicial autorizando a divulgação ou acesso aos dados bancários, seja de Freud, seja da empresa Caso”, ressalta o advogado de Freud, Augusto Botelho, na nota enviada à imprensa.

Freud também critica as declarações feitas na reportagem pelo deputado federal Fernando Gabeira (PV-RJ), sub-relator da CPI dos Sanguessugas: “Vamos investigar essa pista, mas isso não significa que Freud é culpado”, disse o deputado Fernando Gabeira, sub-relator da CPI dos Sanguessugas. “É um indício importante e tem de ser investigado.”

Segundo a nota, as informações são irresponsáveis e inverídicas. Freud afirma que vai pedir a interpelação do deputado federal junto ao Supremo Tribunal Federal e requerer a instauração de um inquérito policial para apurar a eventual quebra de sigilo bancário.

Leia a nota de esclarecimento e a reportagem

Freud Godoy, por meio de seu advogado, vem esclarecer o seguinte:

1. São irresponsáveis e inverídicas as afirmações feitas pelo Deputado Federal Fernando Gabeira (PV-RJ), em matéria publicada no Jornal “O Estado de S. Paulo”, na edição de 11 de outubro de 2006.

2. As acusações de que Freud teria recebido elevada importância do investidor Naji Nahas não são verdadeiras.

3. Os extratos bancários de Freud Godoy e da empresa mencionada (CASO Sistemas de Segurança Ltda.) estão disponíveis para acesso tanto da imprensa quanto de qualquer autoridade interessada.

4. Não obstante a falsidade das acusações. Outro ponto merece ser ressaltado. Pelo que se denota da matéria, houve quebra ilegal do sigilo bancário. Não há qualquer decisão judicial autorizando a divulgação ou acesso aos dados bancários seja de Freud, seja da empresa CASO. Cabe ao Deputado, fonte da matéria, explicar onde obteve essa falsa informação.

5. As medidas judiciais cabíveis serão tomadas, tais como a interpelação do Deputado Federal junto ao Supremo Tribunal Federal e a requisição para instauração de Inquérito Policial junto à Polícia Federal para apurar eventual prática de crime.

6. Da mesma forma e com a intenção de trazer total transparência ao caso, foi encaminhado ofício ao Presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito que investiga a máfia dos sanguessugas, ,juntando os extratos das contas mencionadas e requerendo apuração interna para verificar a fonte e veracidade das acusações.

São Paulo, 11 de outubro de 2006

Freud Godoy

Augusto de Arruda Botelho

OAB/SP — 206.575

Leia a reportagem publicado em O Estado de S. Paulo desta quarta-feira (11/10)

Comissão investiga depósito de R$ 396 mil na conta de Freud

Ex-assessor de Lula teria recebido dinheiro de Naji Nahas, por meio de corretora, 10 dias antes da prisão de petistas

Expedito Filho

A CPI dos Sanguessugas vai investigar um depósito de R$ 396 mil feito na conta de Freud Godoy, ex-assessor do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Freud teria recebido o dinheiro do megainvestidor Naji Nahas, por meio da corretora do Banco Alpha, no dia 5 de setembro, dez dias antes da prisão de Gedimar Passos e Valdebran Padilha em um hotel em São Paulo com R$ 1,75 milhão que seria usado para comprar um dossiê contra políticos tucanos.

‘Vamos investigar essa pista, mas isso não significa que Freud é culpado’, disse o deputado Fernando Gabeira (PV-RJ), sub-relator da CPI dos Sanguessugas. ‘É um indício importante e tem de ser investigado.’

A operação bancária teria envolvido uma transação com ações da Telemig. Nahas seria, supostamente, o ‘cedente’, ou seja, o dono do lote de ações que acabou vendido e repassado para Freud Godoy. As ações da Telemig foram transformadas em reais, e o dinheiro depositado em uma agência do Banco do Brasil em Brasília. O dinheiro foi depois transferido para a conta da Caso Sistema de Segurança Ltda., empresa de segurança da mulher de Freud, Simone Messeguer Pereira Godoy.

O detalhe dessa operação bancária que a CPI vai investigar é que, segundo um especialista do mercado, Naji Nahas está impedido de operar na Bolsa e pode ter utilizado um intermediário para realizar a transação. ‘Ainda assim, caso a venda das ações tenha realmente ocorrido, haverá uma pista a investigar porque a Bolsa fica com um registro de todas as operações’, afirmou ao Estado o operador do mercado.

Gabeira pretende requerer à Comissão de Valores Mobiliários uma cópia do boleto com a transação. Pedirá ainda à Bolsa de Valores e à corretora do Banco Alpha os detalhes sobre as vendas de ações da Telemig. Existindo a transação bancária, o deputado quer saber se o dinheiro das ações repassado a Freud tem alguma ligação com a tentativa de compra do dossiê contra os tucanos.

O advogado de Freud, Augusto Arruda Botelho, não quis comentar o assunto ontem. Ele alegou desconhecer o fato e disse só falará depois de se informar com seu cliente. Até o momento, as investigações da PF para rastrear o R$ 1,75 milhão usado para comprar o dossiê Vedoin não apontaram nenhum indício de participação de Freud.

COLABOROU PAULO BARALDI

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