Livro traz pesquisa e discute mundo do trabalho contemporâneo
9 de outubro de 2006, 15h17
Para onde vai o mundo do trabalho? Essa é a questão que permeia as 500 páginas do livro Riqueza e miséria do trabalho no Brasil, lançado na última quinta-feira (5/10) no Memorial da América Latina, em São Paulo. A obra foi organizada por Ricardo Antunes, professor do Departamento de Sociologia do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Estadual de Campinas.
“O objetivo foi tentar entender as mutações do mundo do trabalho no Brasil, fazendo um desenho consistente da realidade setorial brasileira”, disse Antunes. O livro traz trabalhos de pesquisadores de diversas instituições e monta um mosaico coeso e crítico das novas formas produtivas no país.
Entre os colaboradores estão Márcio Pochmann, professor do Departamento de Economia da Unicamp; Giovanni Alves, professor do Departamento de Sociologia da Universidade Estadual Paulista; e o pensador húngaro István Mészáros, da Universidade de Sussex, na Inglaterra.
Além de discutir as novas modalidades de trabalho e de sua precarização, as novas faces do desemprego e a crise do sindicalismo, a obra expõe a pesquisa de campo realizada em diversos setores produtivos, como automobilístico, bancário, têxtil, telecomunicações, trabalho informal e até mesmo o ramo do canto erudito.
A análise de cada um dos setores permite observar uma completa mudança na morfologia do trabalho após a década de 1990. “Há elementos que aparecem em diversos retratos do mundo do trabalho, como a terceirização, precarização, erosão de direitos, individualização, planos de demissão voluntária ou lesões por esforços repetitivos”, disse Antunes à Agência Fapesp.
“Os anos 80, considerados pelo capital como uma década perdida, foram um momento de intensa luta social na América Latina. Nos anos 90, ocorreu o que chamo de desertificação neoliberal. Nossos bolsões de informalidade, que não passavam de 20%, hoje giram em torno de 60% a 70%. Vivemos no continente da superexploração do trabalho.”
O coordenador ressalta que, mesmo com todo o rigor científico das pesquisas — e até em decorrência dele — o leitor não deve esperar neutralidade. “Não fazemos sociologia da empresa, mas sociologia do trabalho. Nosso livro renuncia assumidamente à neutralidade. Fomos ao inferno do trabalho, mostrando sua exploração pelas empresas”, finalizou.
Ficha técnica
Riqueza e Miséria do Trabalho no Brasil
Organizador: Ricardo Antunes
Páginas: 528
Editora: Boitempo
Preço: 62,00
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