Relatório parcial

Relatório aponta Berzoini como mandante da compra do dossiê

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26 de novembro de 2006, 12h23

Depois de dois meses de investigação, a Polícia Federal e o Ministério Público concluíram que Ricardo Berzoini, ex-presidente nacional do PT, foi quem decidiu comprar o dossiê que comprovaria o envolvimento do tucano José Serra com a Máfia dos Sanguessugas. As informações são da Folha de S. Paulo.

No relatório parcial que será entregue à Justiça Federal, nesta segunda-feira (27/11), também consta que a Folha nunca foi alvo de investigações sobre a origem dos R$ 1,7 milhão que seriam usados para a negociação com dinheiro para a compra do dossiê contra tucanos.

O delegado Diógenes Curado, responsável pelo inquérito, afirma no relatório que quando pediu a quebra de sigilo do celular de uma repórter e de um telefone fixo do jornal não sabia a quem pertenciam. Segundo ele, a quebra foi solicitada devido a ligações feitas a partir dos dois números para o celular de Gedimar Passos, após a sua prisão. Curado vai ressaltar que, tão logo soube que os telefones pertenciam ao diário, descartou investigação sobre o jornal.

Detalhes do relatório

No documento consta que o deputado federal Carlos Abicalil (MT) foi o primeiro petista a informar Berzoini da disposição de Luiz Antônio Vedoin de negociar acusações contra o ex-ministro da Saúde José Serra, hoje governador eleito de São Paulo pelo PSDB.

Abicalil contou ao então presidente do PT que o governador Blairo Maggi (PPS-MT), à época candidato à reeleição, tinha conseguido resultados em sua campanha ao se valer da mesma estratégia: pagar os Vedoin para que fizessem uma denúncia à imprensa contra seu adversário nas eleições, Antero Paes de Barros (PSDB), e a confirmassem judicialmente.

O delegado também explora contradições na versão apresentada por Hamilton Lacerda para ter ido ao hotel Ibis. Curado está convencido de que foi Lacerda quem levou o dinheiro para Gedimar Passos e Valdebran Padilha. Ex-coordenador da campanha do senador Aloizio Mercadante (PT-SP) ao governo paulista, Lacerda entrou no hotel com a mesma mala depois identificada por Valdebran como a usada por Gedimar para transportar parte do R$ 1,7 milhão.

À PF, Lacerda negou carregar dinheiro. Tanto Mercadante quanto o presidente licenciado do PT, Ricardo Berzoini, afirmaram que não era atribuição de Lacerda tratar de temas ligados à arrecadação da campanha de Lula.

Diógenes Curado pedirá extensão de prazo para detalhar suas conclusões.

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